O Natal é uma comemoração religiosa
celebrada no mundo todo por séculos. Porém, com o advento do capitalismo o
Natal foi ganhando características peculiares que se adaptam aos ideais sociais
de cada época.
Na cidade de Almirante Tamandaré as
comemorações natalinas tiveram o mesmo processo histórico. Ou seja, entre os
séculos XVIII até meados do século XX o Natal era norteado exclusivamente pela
doutrina cristã, sendo que por efeito seu ápice se dava no contexto das
atividades religiosas, complementado por jantares e almoços realizado nas casas
da população local. Independente de condição social, as Ceias de Natal sempre
possuíam uma variedade maior de alimentos do que em outros dias. No entanto, a
atual pratica de distribuição de presentes só se tornou corrente a partir da
década de 1960, no entanto não era padrão em todas as famílias. Da mesma forma
ocorria com as decorações natalinas propagada principalmente pelo advento do
progresso capitalista.
A partir da década de 1980 o Natal
começou a ganhar as particularidades capitalistas que prevalecem atualmente. Ou
seja, o lado religioso começou a perder espaço para o lado comercial. As ceias
começaram a ganhar elementos exóticos que aos poucos estão substituindo elementos
tradicionais da culinária local.
A partir do final das décadas de 1990,
um outro evento começou a se tornar comum. Ou seja, pelo fato da cidade de
Almirante Tamandaré possuir um elevado número de habitantes que vivem em áreas
irregulares, vivendo na miséria ou com baixa qualidade de vida devido a sua
condição econômica. Grupos da sociedade civil diversos começaram a promover
campanhas de doações de brinquedo, roupa usada e nova, alimentos,... para
posterior distribuição entre as comunidades carentes deste material
arrecadado. Estes eventos ocorrem
geralmente nos dias que antecedem o Natal e variam desde uma simples
distribuição de presentes para criança a uma ceia comunitária. Porém, com o
tempo estes eventos começaram a se distinguir de acordo com o objetivo e
interesses dos seus organizadores. A partir disso é possível observar três
grupos de intenção notória e distintos: o primeiro são os humanistas, cujo
objetivo único é proporcionar um Natal para aqueles que não tem condição de
realizar uma ceia ou comprar presentes,...; o segundo grupo se prende a grupos
religiosos que visam manter vivo a essência natalina e levar uma mensagem
vinculada as suas doutrinas para posterior conversão de novos fiéis e promover
ceias; já o terceiro grupo é o vinculado a interesse políticos e econômicos, ou
seja, futuros candidatos começam suas campanhas (quatro anos antes) de forma
discreta com eventos de distribuição de presentes, churrascos e etc,... para
criar uma imagem de “boa pessoa”, outros seres montam instituição e realizam
eventos sociais com a intenção de lavar dinheiro ou burlar o fisco.
Só para constar, independente da
intenção de eventos natalinos, geralmente as pessoas aparecem vestidas de Papai
Noel, em cima de caminhonetes acompanhados de pequenas carreatas, soltando
foguetes, buzinando. As vezes até desce de helicóptero..., ou seja, é bonito de ver.
Independente da forma como é visto o
Natal atualmente e como ele é “utilizado”, ele faz parte da cultura local o que
o torna um evento histórico muito rico em fatos sociais, políticos e econômicos
a serem explorados por futuros pesquisadores.
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