terça-feira, 31 de dezembro de 2013

A mão de cera Santa do Botiatuba

Na data de 07 de novembro de 1885, a Gazeta Paranaense publicou um curioso relatório policial e posterior lavratura de Termo de Bem Viver, ou seja: “O Exmo Sr. Dr. Chefe de Polícia conseguiu apreender há dias uma mão de cera que Maria Gomes dos Passos, moradora no quarteirão do Butiatuva, possuía, há mais de 30 anos servindo-se dela para, abusando da credulidade e superstição dos rústicos, obter, não só ela como três filhos, meios se sobrevivência.
Maria Gomes, narrando como veio a possuir essa mão, diz que um santo homem, S. Feliz (um dos muitos especuladores que tem havido e ainda há no centro desta província) lhe dera em uma visita que lhe fizera, recomendando que a guardasse, pois que era santa, nunca se separasse dela; que recebesse esmolas e dividisse-as, sendo metade para ela e a outra metade para a mão, junto a qual devia conservar sempre em um barril de água para lavá-la, servindo a lavagem para distribuir-se com os crentes e fiéis que desejassem curar a si ou a outros de todas as moléstias; que a mão santa era milagrosa tanto que ninguém tinha recorrido a ela sem que obtivesse o que desejava.
Acrescentou mais Maria Gomes que tudo isso é verdade e que quando o santo homem lhe deu a mão era ela de comprimento de 0,05 m, tendo crescido até hoje 0,06 m e que sua continuamente.
Essa especulação da ignorância dos rústicos alimentava, como já dissemos, aos três filhos de Maria Gomes, os quais percorriam quarteirões dos distrito deste termo e de outros recebendo esmolas de todo o valor, principalmente dinheiro e joias. Dois desses filhos de Maria Gomes são ébrios habituais e tuberculosos, pelo que um deles já assinou termo de bem viver, perante a Chefe de Polícia e outro vai ser submetido ao processo que procede esses termos.
Eis a descrição da mão santa: mede 0,11 m de comprimentos até o punho e 0,07 m daí até a parte do antebraço que existe, sendo portanto todo comprimento de 0,18 m. Em sua maior largura tem 0,06 m, sendo a grossura de 0,03 m. O indicador tem 0,04 m e o polegar 0,06 m, tudo de comprimento. Apenas nota-se imperfeitamente sinais de unhas. Os demais dedos são também informes e desproporcionais, parecendo todos serem feitos de faca. Um deles é torto e já foi quebrado como visivelmente mostra a emenda que foi feita com cera virgem. As articulações das falanges são representadas por talhos dados à esmo.
Toda a mão está em estado tal imundície que enoja tocá-la.
Ela está colocada dentro de uma caixinha com porta de vidro e em cima de uma espécie de pedestal com a palma à mostra.
Tanto fora como de dentro da caixa pendem fitas multicores, sujas, ramos de flores artificiais, contas de vidro de aljofre, das quais se acham duas voltas no punho.
Consta que o Chefe de Polícia tem tido muitos pedidos para entregar a mão a Maria Gomes, pois, além dos rústicos, muita gente de gravata lavada se tem apegado à mão santa; mas também consta que o Chefe de Polícia tem resistido aos empenhos e que vai enviá-la para o museu, onde ficara como amostra do valor da ignorância popular o qual chega até o ponto de venerar figura tão repugnante”

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segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

A CARTA DE RENUNCIA DO PREFEITO TAMANDAREENSE SERZEDELLO DE SIQUEIRA.

O Prefeito, a partir da Constituição de 1934, passa a ser escolhido pelo povo, mas na prática o cargo continuou a ser preenchido por apontamento dos governos federal ou estadual. Pois, a política administrativa tamandareense na década de 1930 sofria os efeitos diretos da realidade nacional agitada por revoluções.
O município de Tamandaré neste período teve dois Prefeitos. O primeiro foi o Sr. Serzedello Siqueira, nomeado pelo Interventor do Estado do Paraná Mario Tourinho através do art. 2º do Decreto nº 13, em 07 de outubro de 1930 publicado no Diário Oficial do Paraná, nº 1, Ano I, de uma terça-feira datada de 14 de outubro de 1930. Após, pedido de renuncia feito pelo próprio Prefeito Serzedello e publicado no jornal “Correio do Paraná de 13 de abril de 1932, p.03” com o seguinte teor:
“Ao sr. Manoel Ribas, Interventor Federal, foi endereçado o seguinte oficio pelo sr. Serzedelo Siqueira que até agora exerceu a contento o cargo de prefeito do vizinho Município de Tamandaré: Tenho a honra de comunicar-lhe que renuncio nesta data as funções de Prefeito do Município de Tamandaré, para cujo cargo fui nomeado pelo Exmº. Snr. General Mario Tourinho, digno antecessor de Vª. Exª.
Tenho reiteradamente pedido a V.Exa. a minha exoneração, e embora honrado com a sua confiança, insistindo pela minha continuidade naquele cargo, declino dessa honra pelos motivos que pessoalmente já lhe expus.
Deixo, portanto de exercer de hoje em diante as funções de Prefeito daquele Município, conservando fechado o edifício da Prefeitura, cuja chaves entregarei ao sucessor que V. Exa. Me designar.
Saúde e Fraternidade”.     

Foi exonerado do cargo em 13 de abril de 1932 por força do Decreto nº 851. Em seu lugar foi indicado o Funcionário Público Estadual Joaquim Age nomeado pelo Decreto nº 858, de 13 de abril de 1932, publicado no Diário Oficial do Paraná, de 16 de abril de 1932, o qual administrou o município até o advento do Decreto Estadual nº 1.702, de 14 de julho de 1932, que suprimiu Tamandaré.


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domingo, 29 de dezembro de 2013

Contorno Norte



A atual estrada conhecida como Contorno Norte foi idealizada para desviar o tráfego de caminhões que passavam por Curitiba. Teve seu primeiro trecho inaugurado (Colombo rodovia da Uva ou PR-417 até a Rodovia dos Minérios ou PR-092) em 07 de novembro de 1989, pelo então governador Álvaro Dias. No entanto, só em 21 de dezembro de 2005, que a ligação definitiva da rodovia com a PR-277, sentido Ponta Grossa foi entregue oficialmente à população do Estado pelo Governador Roberto Requião. Esta rodovia denominada de PR-418 foi batizada de Admar Bertoli (vereador de Curitiba falecido em 2003) e oficializada assim pela Lei Estadual nº 14.971, de 22 de dezembro de 2005.

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sábado, 28 de dezembro de 2013

Aconteceu em 24 de dezembro de 1927 em Tamandaré.

Prefeito Antônio Baptista de Siqueira:
 negociante, Prefeito, Camarista, juiz distrital 
e assinou a Ata de Instalação do Município.
Foto: Galeria dos Prefeitos.
Segundo consta na oralidade popular e relatado pelo seu neto, Joel Siqueira, junto ao “Projeto Tamandaré: contos e lendas de um povo”, “(...) o Prefeito Antônio Baptista de Siqueira gostava muito de jogo de truco e no dia de seu aniversário (ou ceia de Natal), ele fez uma festa muito grande. Lá pelas tantas estavam jogando quando de repente ele abaixou a cabeça sobre a mesa. Todos pensavam que ele estava cansado por ter demorado a levantá-la, mas quando foram vê-lo estava morto. Pessoas da época contam que o velório foi acompanhado por um número muito grande de carroças, coisa nunca vista na região”
No contexto oficial da “Certidão de Óbito. Matricula O817860155192740000517000000 48 64”, Antônio B. de Siqueira era casada com Francisca Popia, com que teve 8 filhos: Theolindo, Athayde, Arantes, João, Lauro, Antônio, Ottilia e Urcina. Faleceu aos 52 anos na data de 24 de dezembro de 1927, às 23h20min devido a colapso cardíaco.
O Major Antônio Baptista de Siqueira era filho do comerciante Theolindo Baptista de Siqueira com Rachel Candido de Oliveira (irmã do Coronel João Candido de Oliveira). 

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sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Professor Ignácio Lipski

Professor Ignácio Lipski./Acervo da família Bugalski,
fotografado pelo professor Pedro Martim Kokuszka, 2000
Segundo a justificativa parlamentar existente no arquivo da Câmara Municipal de Almirante Tamandaré denominado de “Dados históricos do Professor Ignácio Lipski (1850 – 1932)”, é possível observar que a pioneira Educação no Bairro do Pacotuba e no município confunde-se com a própria história de vida do professor Ignácio Lipski, nascido aos 27 de junho de 1850, na Polônia, fruto do casal José Lipski e Maria Lipski. Casou-se na terra natal com Francisca Bleda em 24 de janeiro de 1876 e imigrou para o Brasil logo em seguida, chegando ao Porto de Paranaguá no dia 1º de maio de 1876.
Após sua chegada veio para a Freguesia de Pacotuba estabelecendo-se neste povoado, junto com outros imigrantes e aí fez uma casinha de estuque para sua morada. Dedicou-se ao duro trabalho da lavoura e então começaram a nascer-lhe os filhos (11 filhas e 1 filho, todos nascido em Tamandaré, 8 deles faleceram com pouca idade), tantos os seus como dos demais colonos imigrantes, tornando-se necessário, dentro de mais algum tempo, que se começasse a ensinar as crianças. Assim, reuniram-se todos e com os seus próprios recursos construíram uma pequena casa que serviu de escola, e se localizava nas proximidades da atual Rua Dalzira Sila. Todos concordaram em pagar o que pudessem para esse estabelecimento de ensino, que seria, provavelmente, a primeira escola particular do futuro município de Tamandaré, cujo funcionamento teve início em Pacotuba. no dia 20 de fevereiro de 1889, como consta no livro de chamada.

O professor Ignácio Lipski lecionou durante 41 anos, deixando a sua profissão, por motivo de saúde, dois meses antes de sua morte, ocorrido no dia 24 de maio de 1932. 

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quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Erva-mate


Até final da década de 1960, alguns moradores da cidade de Almirante Tamandaré também constituíam renda com a Erva-mate (A Erva do Diabo, na visão dos jesuítas ainda no início da colonização das terras tinguis).
Independentemente da opinião jesuíta, a erva-mate, desde o início da colonização Ibérica (Espanha e Portugal), se tornou uma bebida muito apreciada entre os colonos e naturalmente entre os índios. No século XIX, ocorreu a industrialização do mate, e os moradores da região de Curitiba (atual região metropolitana) vendiam sua produção aos engenhos.
Em referências aos diversos instrumentos de compra e venda e cadastramento de terrenos de 1850 e posteriores, é clara a presença de relevantes ervais como “assessório de valorização dos referidos imóveis” nas localidades do Cercado, Boixininga, Botiatuba, Marmeleiro.
A cultura da erva-mate foi importante fonte de renda para a recém-criada Vila de Tamandaré, pois segundo o “Almanach Paranaense 1900”, p. 135, a cidade produzia 2 milhões de quilos anualmente que representavam o valor de 400:000$000 (média feita no ano de 1900).
No contexto das informações presentes na página 3352 do “Almanak Laemmert, 1919-1920 – República dos Estados Unidos do Brasil - Capítulo Paraná”, eram produtores de erva-mate no município no final da década de 1910, os Srs. Francisco Vaz, Henrique Monteiro, Osorio de Christo, Osorio do Espírito Santo, Joaquim da Costa Cabral, Joaquim Vaz da Silva, Jorge Viriato, Laurindo José Cordeiro, Manoel da Costa Moreira, Manuel Vaz Cardoso e Quintino Ribeiro.
Segundo referência existente na página 572 do “Almanak Laemmer, 1930 – 4º Volume – Estados do Sul”, os principais exportadores de erva-mate no final da década de 1920 eram: Serzedello de Siqueira, João Manoel Siqueira, Antonio Eduardo Trevisam e Joaquim de Barros Teixeira.
O processamento do mate nos engenhos funcionava mais ou menos assim: Após a poda das folhas, estas eram levadas a um sapecador e depois levado ao moedor (feito de madeira cheio de “dentes”), movido por tração animal. O conjunto onde ocorria o processamento era conhecido como carijo.
Uma pequena parte da produção era consumida dentro do município e a maior parte levada para a capital e Açungui.
Com o tempo, a importância econômica da erva-mate diminuiu e a produção no início da década de 1950 na cidade se realizava em pequena escala, os poucos ervais tamandareenses que sobraram, entravam como complementação de renda da população agrícola. Um dos últimos produtores da cultura no município foi o Sr. Arlindo França Machado, na região do Marmeleiro. 


Visite o livro “Considerações históricas e geográficas sobre o município de Almirante Tamandaré-PR” nos links:

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

FESTIVIDADES NATALINAS EM ALMIRANTE TAMANDARÉ

O Natal é uma comemoração religiosa celebrada no mundo todo por séculos. Porém, com o advento do capitalismo o Natal foi ganhando características peculiares que se adaptam aos ideais sociais de cada época.
Na cidade de Almirante Tamandaré as comemorações natalinas tiveram o mesmo processo histórico. Ou seja, entre os séculos XVIII até meados do século XX o Natal era norteado exclusivamente pela doutrina cristã, sendo que por efeito seu ápice se dava no contexto das atividades religiosas, complementado por jantares e almoços realizado nas casas da população local. Independente de condição social, as Ceias de Natal sempre possuíam uma variedade maior de alimentos do que em outros dias. No entanto, a atual pratica de distribuição de presentes só se tornou corrente a partir da década de 1960, no entanto não era padrão em todas as famílias. Da mesma forma ocorria com as decorações natalinas propagada principalmente pelo advento do progresso capitalista.
A partir da década de 1980 o Natal começou a ganhar as particularidades capitalistas que prevalecem atualmente. Ou seja, o lado religioso começou a perder espaço para o lado comercial. As ceias começaram a ganhar elementos exóticos que aos poucos estão substituindo elementos tradicionais da culinária local.
A partir do final das décadas de 1990, um outro evento começou a se tornar comum. Ou seja, pelo fato da cidade de Almirante Tamandaré possuir um elevado número de habitantes que vivem em áreas irregulares, vivendo na miséria ou com baixa qualidade de vida devido a sua condição econômica. Grupos da sociedade civil diversos começaram a promover campanhas de doações de brinquedo, roupa usada e nova, alimentos,... para posterior distribuição entre as comunidades carentes deste material arrecadado.  Estes eventos ocorrem geralmente nos dias que antecedem o Natal e variam desde uma simples distribuição de presentes para criança a uma ceia comunitária. Porém, com o tempo estes eventos começaram a se distinguir de acordo com o objetivo e interesses dos seus organizadores. A partir disso é possível observar três grupos de intenção notória e distintos: o primeiro são os humanistas, cujo objetivo único é proporcionar um Natal para aqueles que não tem condição de realizar uma ceia ou comprar presentes,...; o segundo grupo se prende a grupos religiosos que visam manter vivo a essência natalina e levar uma mensagem vinculada as suas doutrinas para posterior conversão de novos fiéis e promover ceias; já o terceiro grupo é o vinculado a interesse políticos e econômicos, ou seja, futuros candidatos começam suas campanhas (quatro anos antes) de forma discreta com eventos de distribuição de presentes, churrascos e etc,... para criar uma imagem de “boa pessoa”, outros seres montam instituição e realizam eventos sociais com a intenção de lavar dinheiro ou burlar o fisco.
Só para constar, independente da intenção de eventos natalinos, geralmente as pessoas aparecem vestidas de Papai Noel, em cima de caminhonetes acompanhados de pequenas carreatas, soltando foguetes, buzinando. As vezes até desce de helicóptero..., ou seja, é bonito de ver.
Independente da forma como é visto o Natal atualmente e como ele é “utilizado”, ele faz parte da cultura local o que o torna um evento histórico muito rico em fatos sociais, políticos e econômicos a serem explorados por futuros pesquisadores.                    

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

O petit-pavê (mármore branco) tamandareense.

  

O petit-pavê é uma pedra que serve principalmente para a construção de calçadas. Um exemplo de seu uso é o Calçadão da Rua XV de Novembro, em Curitiba, cujas pedras se originaram na pedreira Santo Antônio de propriedade da família Cavassim, em Tranqueira.
Sobre a exploração de pedras, é importante destacar que na cidade, também foi e ainda é explorado o mármore branco, na forma de petit-pavê. Os principais cortadores de pedras na década de 1940 foram a família Cavassim e o seu Leleto Chimelli. Segundo consta no relatório do Decreto nº 16.233, de 27 de julho de 1944, o Sr. Plácido Cavassim compra parte da área da pedreira do Sr. Domingos Chimelli, que inicialmente pertencia a Guilherme Kalmann, que passa a explorar pedra bruta para produzir o petit-pavê.

No contexto do “Relatório do decreto de concessão de pesquisa de jazida de calcário na região de Tranqueira (município de Colombo), Decreto nº 16.233, de 27 de julho de 1944”, p. 1, no ano de 1916, o alemão Guilherme Kalmann, na região de Tranqueira tentou utilizar as pedras de calcário como pedra mármore. Para este fim, montou próximo à pedreira uma pequena instalação de serra e máquina de polimento, o qual não logrou êxito devido à característica do minério.

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segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

A PIOR SECA REGISTRADA EM ALMIRANTE TAMANDARÉ.

Apesar de uma regular distribuição de chuvas no município durante o ano, houve épocas em que ocorreram períodos prolongados de seca que prejudicaram a economia local, uma vez que até final da década de 1970 o município dependia dos recursos gerados pelos produtos do campo.
Em referência a este fato chama a atenção o relato feito pelo Frei Vital Basso no Livro Tombo nº 1 da Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Almirante Tamandaré, p. 81-82: “Dia 15 de setembro, após quase sete meses de seca, parece que vai chover. Além da seca, geada após geadas, fogo. Foram arrasados pelo fogo plantações (...)”

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domingo, 22 de dezembro de 2013

POR QUE A VILA DE TAMANDARÉ FOI EXTINTA?

PUBLICADO NA FOLHA DE TAMANDARÉ n° 803 - 9-15/12/201

Vila Tamandaré, década de 1920. Foto publicada no livro Álbum do Paraná, de José Pedro Trindade, 1927, p. 25.


Em 25 de janeiro de 1890 ocorreu a instalação oficial da autonomia da nova localidade sob o status de município, denominada de “Tamandaré” criado por lei em 28 de outubro de 1889. A princípio existia uma forte expectativa que localidade lograsse êxito no contexto de progresso. Porém, na pratica isto não ocorreu. Pois, apesar da representatividade política que o município notoriamente possuía, vários fatos conspiraram na década de 1920 contra a Vila Tamandaré, pois segundo Sebastião Paraná, quando se referiu à cidade de Tamandaré na página 306 de sua obra, “Os Estados da República” em 1925, expressou “que era um lugar pouco importante”. Esta observação era um reflexo da própria realidade do município que se apresentava desde a sua fundação, ou seja, tendo como referências os balanços anuais da arrecadação estadual e os orçamentos anuais da Vila de Tamandaré referentes aos anos de 1891 a 1937 publicados em periódicos diversos e Relatórios de Governos somados às informações descritivas da realidade administrativa municipal presentes em publicações diversas desse período. A cidade de Tamandaré possuía uma arrecadação de tributos estaduais baixa, o que era um reflexo de uma economia pouco diversificada, a qual ficava notória no contexto das perspectivas de arrecadação tributária municipal a dependência quase que exclusiva da erva-mate, exploração da cal, exploração e transporte de madeira e do comércio. A fabricação de vinho, transporte e criação de gado, produtos agrícolas, moinhos e engenhos e taxas para bailes públicos e corridas de cavalos complementavam a arrecadação que praticamente se exauria na manutenção de estradas e despesas burocráticas.
Esta condição de pouca importância da localidade somou-se às diversas tensões políticas de âmbito nacional. Proporcionado pela Revolução de 30 e da Revolução Constitucionalista de 1932, que se agravaram com a crise econômica mundial ocasionando consequências para economia agroexportadora brasileira, a qual dependia dos recursos oriundos das exportações de café, desencadeada pela quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929. Seu efeito trouxe consequências negativas para a política e economia paranaense, que foram sentidas pelos cofres públicos municipais onde muitos municípios tiveram imensa dificuldade de se manter administrativamente e autonomamente funcionando, gerando ônus e problemas políticos que acabavam estourando no próprio Estado. Diante desta condição, muitos municípios perderam seu status autônomo e foram anexados a outros, como um remédio provisório para se enfrentar a terrível crise política e econômica que se fazia presente em todo o Brasil.
Deste contexto histórico, o município tamandareense foi vítima, pois desapareceu dos mapas paranaenses em dois momentos. O primeiro momento se deu pelo Decreto Estadual nº 1.702, de 14 de julho de 1932, que suprimiu a Vila de Tamandaré. Este mesmo decreto carregava em seu corpo legal a justificativa da extinção do município: “O Interventor Federal do Estado do Paraná Manoel Ribas, considerando que o município de Tamandaré não está em condições de satisfazer as exigências do Código dos Interventores, e nem pode, em virtude da sua renda inferior a trinta contos de réis, atender convenientemente aos serviços prestados à sua própria existência”. Os artigos 1º e 2º do mesmo, expressou que o território de Tamandaré passava a pertencer ao município de Rio Branco do Sul, e o território anexado ficou sob responsabilidade do Agente Administrativo Dalvino Correia (funcionário público de Rio Branco).
No entanto, um breve alento soprou sobre a Vila com o advento do Decreto nº 931, que expressava que a partir de 03 de abril de 1933 se restaurava a autonomia municipal tamandareense.
Infelizmente, cinco anos depois o município apresentou as duas previsões legais dispostas no artigo 5º da Lei Estadual nº 15, de 09 de outubro de 1935, “os municípios extinguem-se: a) quando sua população baixar de 10.000 habitantes; b) quando sua receita mínima não attingir cincuenta contos de réis”.
A partir de informações da obra “Paraná Político Econômico. Homenagem aos eleitos para os Governos Municipais, elementos de real projeção dos Partidos Politicos do Estado”, p. 84, em 31 de janeiro de 1936, Tamandaré apresentou uma receita mensal de 8:678$500, ou seja, mais de oito contos de réis (equivalente na atualidade a R$ 600.000,00/seiscentos mil reais). Porém, anualmente sua receita beirava perigosamente aos cinquenta contos de réis (aproximadamente R$ 2.800.000,000/dois milhões e oitocentos mil reais anuais), não alcançando a média legal em 1937 e 1938. Outro problema se dava em virtude de que a população na década de 1930 até meados de 1950, oscilou entre 8.000 a 10.000 moradores no município.
Devido a sua força política, antes de ser extinto, o município de Tamandaré ainda teve a administração de um Interventor para tentar resolver sua derradeira situação a pedido da Câmara Municipal de Tamandaré. Ou seja, em respeito ao artigo 51 da Lei nº 15 que citava que: “O Estado intervirá nos municípios: a) nos casos de impontualidade nos serviços de empréstimos por elle garantido; b) em falta de pagamento, por dois annos consectivos, da divida fundada nos municípios; c) quando solicitada pela Camara Municipal”.

Diante deste fato, o Interventor Governador do Estado do Paraná Manoel Ribas, invocou a força legal do artigo 52 e 53 da Lei Estadual nº 15, de 09 de outubro de 1935, e após a aprovação da Assembleia Legislativa designou em 1º de março de 1938 o jovem Pedro Moacyr de Gracia Gasparello para assumir o posto de autoridade máxima do município de Tamandaré. Sua gestão durou até 30 de dezembro de 1938, e em virtude dos irremediáveis problemas financeiros e demográficos de Tamandaré agravados pelo Tornado de 21 de maio de 1938 foi decretada a Lei nº 7.573, de 20 de dezembro de 1938, que expressava que o municí7573, de 20 de dezembro de 1938, extinguia o municipio mandardivisnha, encontraram ouro na regi145145145145145145145145145145145145145145145145145145145145145145145145145145145145145145145145pio era extinto e seu território foi integrado ao município de Curitiba.

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sábado, 21 de dezembro de 2013

PIONEIRO ATENDIMENTO DENTÁRIO EM ALMIRANTE TAMANDARÉ

Nas informações fornecidas pelo “Arquivo de Requerimento apresentado à Prefeitura municipal de Tamandaré a contar de 11 de novembro a 30 de dezembro de 1931”, no ano de 1931, em protocolo de nº 36, o Dentista João Gualberto Pereira, tece pedido de revisão da tributação recaída a sua atividade caracterizada de Gabinete Dentário Ambulante. Ele argumenta que a licença de sua permanência no município, que era de 90 dias, possui um valor exagerado em comparação com outros municípios da região.
Esta manifestação observada em um simples protocolo demonstra em seu contexto como era desenvolvido o atendimento dentário no município e região nesta época. O deslocamento até a capital era complicado. Este serviço era prestado por dentistas particulares que se deslocavam até as cidades da região e permaneciam por um tempo. Voltando após no ano seguinte.

Para ilustrar esta situação que ainda era comum na década de 1960, é relatado que no Botiatuba atendia o Dr. Luiz por um período semanal, de quatro a seis vezes ao ano. Seu “consultório” se localizava em uma sala junto ao Armazém de Pedro Jorge Kotoviski como citam os relatos colhidos junto às Sras. Leonice Kotoviski Milek e Noêmia Kotoviski em maio de 2012: “(...) o Dr. Luiz vinha do interior do município, da Barra de Santa Rita (...) Ele ficava hospedado em casa, atendendo inicialmente na sala. Depois, com o tempo, o Pedro fez umas salinhas ao lado do depósito. E lá o dentista atendia o povo que vinha do Juruqui, Sede, São Miguel, Lamenha, Ressaca; depois de uma semana ele ia para outro lugar atender o povo, daí depois de alguns meses voltava.”

TEXTO EXTRAÍDO DA OBRA CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E GEOGRÁFICAS SOBRE O MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ-PR que pode ser visualizado nos links:


sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

A Árvore Símbolo da cidade de Almirante Tamandaré

Em 28 de setembro de 2010, por iniciativa do Gabinete do vereador Leonel Siqueira, é instituído pela Lei Ordinária Municipal nº 1538 à Timoneira (Ilex theezans martius) como árvore símbolo da cidade. 
Curiosamente a denominação de Timoneira para o então extinto e posterior Distrito de Tamandaré era visto pelos moradores locais como um nome pejorativo e depreciativo da localidade como foi imortalizado pelas palavras de Didio Santos (Secretário Geral da Administração de João Wolf): "O município não pode ter um nome de uma erva de chimarrão de segunda classe, esta denominação é pejorativa”. Tanto é que a partir de 1956 o município foi denominado de Almirante Tamandaré.
Porém, Timoneira marcou um período histórico da cidade ainda corrente entre muitos moradores de seu território.

Timoneira (Ilex theezans martius)/Foto: Gerson L.Lopes. 

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Iluminação pública em Almirante Tamandaré-PR

Antes da iluminação pública ser elétrica, segundo relatos de seu Generoso Candido de Oliveira e informações presentes na obra do Dr. Harley Clovis Stocchero “Raízes Históricas de Almirante Tamandaré”, p. 198, na gestão do Engenheiro Agrônomo Pedro Moacyr Gasparello (1938) foram instalados pequenos postes de lampiões ao longo da Rua Coronel João Candido de Oliveira.
Este fato também foi relatado em 1984 pelo Sr. Hermenegildo de Lara e o texto publicado em 2012 na obra “Município de Almirante Tamandaré, PR: uma história em constante construção”, p. 288:
“Por volta dos anos de 1937 a 1945 eram os lampiões a querosene que iluminavam as noites da Vila Tamandaré. Na gestão do então Prefeito Dr. Pedro Moacyr Gasparello, foi criada a iluminação pública para a sede da Vila.
À noite, a referida Vila era iluminada por meio de lampiões à querosene, os quais eram colocados nas respectivas lanternas, feitas com metal de vidro, em postes de madeira, com a altura mais ou menos de três metros.
O horário da iluminação era das 19 às 24 horas todas as noites. Os referidos postes se achavam colocados em linha reta, e o trecho da referida iluminação era da Igreja de Nossa Senhora da Conceição até a casa comercial do Sr. Domingos Scucato.
Havia mais ou menos 30 postes, sendo 15 postes de cada lado da rua principal, hoje Rua Coronel João Candido de Oliveira. Era encarregado de acender os mencionados lampiões o saudoso Sr. Catharino Natal, o qual, munido de uma alta escada, fazia esse trabalho todas as noites.
Diga-se de passagem, a iluminação não era satisfatória, mas dava para quebrar o galho.”
Com a implantação da energia elétrica aconteceu uma nova fase da iluminação pública, a qual primeiramente atendeu a Rua 1 (atual Av. Emilio Johnson) e a Coronel João Candido de Oliveira. A inauguração desta contou com a presença do Governador Ney Braga, que auxiliou o Prefeito Ambrósio Bini a ligar a primeira luminária. Há de se ressaltar que, nesta época, as luminárias tinham que ser ligadas manualmente uma por uma, pois a rede de iluminação não possuía o sistema de relé fotoelétrico (acende e apaga automaticamente conforme a luminosidade do ambiente). O funcionário responsável por este serviço foi o Sr. Zé Barbeiro (José Nery).
Atualmente, a instalação de luminárias públicas colaboram com a segurança. No entanto, apesar de seus benefícios, estas são alvos de vândalos que costumam jogar pedras para quebrar a lâmpada, o que torna a manutenção da iluminação pública onerosa. 
Luminária de lampião em frente à cerca às margens da Rua Coronel João Candido de Oliveira (não existe mais) em 1938/Foto: Acervo de Harley Clóvis Stocchero, publicado no livro Raízes Históricas de Almirante Tamandaré, p. 198.
 

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Antônio Theolindo Trevizan

Primeira imagem: Antônio Theolindo Trevizan.
Foto: Acervo da Família Trevivan [s/d].
Segunda imagem: capa do livro “Antônio Theolindo: um autor no teatro da vida”.
Foto: Antonio Ilson Kotoviski Filho, 2011.

Merece as devidas considerações por suas colaborações com a literatura paranaense, o Sr. Antônio Theolindo Trevizan, que apesar de ser um filho de tradicional família estabelecida no município, poucas pessoas o reconheciam como escritor devido à falta de memória ou de conhecimento sobre sua atividade literária.
Suas obras publicadas são as seguintes: “Antônio Theolindo: um autor no teatro da vida” (1998); “Qualificação profissional através da empresa pedagógica” (1983) ; “Qualificação profissional dirigida a populações urbanas de baixa renda” (1982); “A formação profissional e os serviços sociais autônomos (Novas ideias e novos rumos)”(1983); “A aceleração do desenvolvimento econômico e a qualificação profissional não formal”(1984); “Conceito da formação profissional formal, informal e não formal e sistema nacional de formação de mão-de-obra”(1984); “Serviços federais de formação profissional não formal – críticas e sugestões”(1985) e “SENAI Paraná 50 anos: 1943 a 1993” (1996).
O ilustre escritor, segundo sua biografia “Antônio Theolindo: um autor no teatro da vida”, p. 7-8, é filho do casal Antonio Eduardo Trevisan e Juvina de Siqueira Trevisan. Nasceu no Quarteirão do Marmeleiro, na localidade da Vila Tamandaré, na data de 14 de fevereiro de 1916. Foi casado com Monika Maria Ruth Hoffmann Trevizan. Tiveram três filhos: Carlos, Ernesto e Marcia. Faleceu em uma quarta-feira, datada de 10 de abril de 2013. 

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terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Médico que fez história na cidade de Tamandaré-PR


Dr. Randolpho Pereira Serzedello.
Foto: Estado do Paraná, 1923, capítulo Tamandaré.
Em 02 de setembro 1890, chega à Vila de Tamandaré o médico Randolpho Pereira Serzedello para tratar dos doentes de varíola. Devido a sua “dedicação, o carinho e o zelo que dispensou aos doentes por ocasião dessa epidemia, valeu-lhe o prestígio e o renome que desfrutou no recanto adotivo”. O qual pode ser confirmado junto ao texto publicado no jornal “A República, de 14 janeiro de 1891, p. 2”, que relatou que em 10 e 11 de janeiro de 1891 a Intendência da Vila de Tamandaré promoveu uma grande festividade de agradecimento ao trabalho bem sucedido de combate a varíola em Tamandaré realizado pelo Dr. Randolpho, o qual iniciou com uma Seção Solene, depois com um desfile e recepção de populares sob fogos de artificio, desde a sua casa até o prédio do Conselho de Intendência. Onde foi recepcionado por um grupo musical, ocorrendo trocas de presentes, uma homenagem em forma de um retrato do Dr. Randolpho, posterior jantar e a noite um Soirêe (baile).
Este prestígio e renome conquistados em Tamandaré citado por Maria Nicolas na página 193 de sua obra “Cem Anos de Vida Parlamentar. Deputados Provinciais e Estaduais do Paraná, 1854-1954”, resultaram em efeitos políticos. Em 1892, foi eleito Deputado Estadual (Assembleia Constituinte), representando Tamandaré, pois o mesmo residia na cidade. Também existe referência na obra elaborada pelo Estado do Paraná denominada de “Estado do Paraná, 1923”, em capítulo exclusivo dedicado ao município de Tamandaré, que ele exerceu a função de Prefeito na Vila de Tamandaré, porém não especifica data.
Segundo as páginas 193-194 da obra de Maria Nicolas norteada em documentos dos arquivos da Assembleia Legislativa do Paraná, Randolpho Pereira Serzedello nasceu em 23 de fevereiro de 1862 no Rio de Janeiro, capital do Brasil nesta época. Era filho de José Antônio Serzedello e de Cândida Pereira Serzedello. Era Médico oriundo da Academia de Medicina do Rio de Janeiro. Em 1893 foi nomeado Inspetor de saúde no Porto de Paranaguá. Em 1894 prestou relevantes serviços ao lado do Dr. Vicente Machado. Exerceu a função de Inspetor de Ensino em Paranaguá até 05 de setembro de 1896. Em 1898 foi nomeado Diretor do Serviço Sanitário do Estado. Faleceu em 20 de março de 1919.
No contexto das informações da obra de Francisco Negrão “Genealogia Paranaense”, Volume III, p. 15, em 18 de março de 1918, o Dr. Randolpho casou com a Sra. Prescilliana de Siqueira que era filha de Dona Rachel Candido de Siqueira com Theolindo Baptista de Siqueira.
Na data de 11 de março de 1957, o vereador curitibano Mylto Anselmo da Silva apresenta o Projeto de Lei nº 18/1957 para denominar ruas em Curitiba, cuja justificativa parlamentar para homenagear o Dr. Randolpho foi: “Político eminente, que muito fez pelo bem do Paraná”. Em 13 de agosto de 1957, é aprovada a Lei Ordinária nº 1.447/1957.


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segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Igreja Assembleia de Deus em Curitiba

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Em 1911, chegam ao Brasil, missionários da corrente doutrinária Pentecostal da Igreja Assembleia de Deus. Segundo a obra “Histórico Igreja Assembleia de Deus em Curitiba”, com a chegada do imigrante polonês Bruno Skolimowski em Curitiba, na data de 19 de outubro de 1928, vindo de Petrópolis, RJ, o qual sentiu direção divina para levar a mensagem Pentecostal ao povo paranaense, uma vez que na capital não existia nenhum crente Pentecostal. Inicialmente, pregava o Evangelho junto aos poloneses em língua polonesa devido ao grande número de pessoas de origem dessa nacionalidade residente em Curitiba.
Ao fim de um ano, Skolimowski providenciou o registro da Igreja e no mês de outubro de 1929 começou a pregar em português, visto que anteriormente, percorreu a cidade para fazer uma análise quanto à aceitação do Evangelho Pentecostal pelo povo curitibano, pois as perseguições eram grandes. Após este fato, novos seguidores da Assembleia de Deus foram surgindo, e alguns começaram a formar novas comunidades além das fronteiras da capital. 

domingo, 15 de dezembro de 2013

O Inspetor de Quarteirão

Para garantir a lei e a ordem em lugares povoados, em 1832 surge a figura do Inspetor de Quarteirão, que era um morador do próprio quarteirão que recebia uma parcela considerável de poder para coibir a prática de atos delituosos, devendo zelar pelas propriedades e pelo sossego de todos que moravam em seu quarteirão. Segundo o contexto do Código de Processo Criminal de 1832, eles tinham autoridade para efetuar prisões em flagrante, para admoestar e, até mesmo, para obrigar a assinar “termos de bem viver” a todos aqueles que, de uma forma ou de outra, viviam pelas ruas ofendendo os bons costumes e perturbando o sossego público, como os vadios, mendigos, bêbados, desordeiros e prostitutas. Em suma, os inspetores eram a primeira instância do policiamento em seus quarteirões.
Foram Inspetor de Quarteirão em 1836 nas seguintes localidades os Srs.: Pacotuba, Pedro Monteiro; Tranqueira, Antônio Francisco Guimarães; Butiatuba, Jeronimo Cardoso Pazes; Boixininga, Antônio Manuel de Abreu, Marmeleiro, Manuel José Ávila.

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sábado, 14 de dezembro de 2013

POVOADORES DA REGIÃO

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A população da cidade de Almirante Tamandaré decorre de um complexo processo de povoamento que transcende a colonização portuguesa. Atualmente os nascidos e domiciliados no município são identificado pelo gentílico “tamandareense”. O IBGE também considera o termo “almirantense”, no entanto este gentílico não é utilizado.        
As estatísticas do povoamento pioneiro encontradas sobre o município de Tamandaré são raras, mas revelam um povoamento elevado em relação à realidade do Paraná no século XIX, como é possível observar junto ao “Mappa estatístico da população da Parochia de Nossa Senhora da Luz, Curityba, capital da Província do Paraná, 1º de agosto de 1872, segundo recenseamento a que procedeu de conformidade com o Regulamento de 1870”, onde serão considerados os Quarteirões que se localizavam na área territorial que se tornou Tamandaré (Boixininga, Botiatuba, Cachoeira, Campo Magro, Campo Novo, Conceição, Juruqui, Marmeleiro, Pacotuba e Serro Negro), ou seja, existiam na área correspondente ao futuro município 3.072 pessoas contadas, sendo 2.917 livres, 155 escravos e 10 estrangeiros.
O “Relatório apresentado ao Exmo Sr. Dr. Francisco Xavier da Silva, Governador do Estado do Paraná pelo Dr. Octavio Ferreira do Amaral e Silva/ Secretaria de Estado dos negócios do Interior, Justiça e Instrucção pública, em 31 de dezembro de 1901/ Quadro demonstrativo do recenseamento feito nos diversos municípios do Estado do Paraná em 31 de dezembro de 1900, com declaração dos que são cidades ou villas” cita que a Vila de Tamandaré, apresentou os seguintes dados em relação a sua população: Em 31 de dezembro de 1900 moravam 3.239 pessoas.
Após, a cidade de Tamandaré contou com 2.664 pessoas morando em seu território, segundo a tabela com dados oficiais publicada no jornal “A República, de 13 de maio de 1901”.
Em referência ao “ANNUARIO ESTATÍSTICO DO BRAZIL”, elaborado pelo Ministério da Agricultura, Industria e Commercio/directoria Geral de estatística publicado em 1916, p. 373, expressa que em 1907 moravam na cidade 5.854 habitantes; 1908 foram relatadas 5.927 pessoas; em 1909 habitavam o território 6.075 pessoas; em 1910 foram contadas 6.227 habitantes; em 1911, o município chegou a ter 6.382 moradores.
No que tange o “Diccionario Histórico e Geographico do Paraná”, elaborado por Agostinho Ermelino de Leão em 1926, p. 283 e 2263, em 1912 o município cresceu e alcançou 6.542 habitantes, e naquele ano nasceram 200 crianças, houve 1 natimorto, ocorreram 71 casamentos e 62 óbitos.
No ano de 1914, a população de Tamandaré diminuiu para 6.078 habitantes e em 1920, foram registradas 8.479 pessoas no município (somando a Sede e o distrito de Campo Magro).
Em 1929 foram calculados 6.000 habitantes segundo edital da “Diretoria Geral da Secretaria dos Negócios do Interior, Justiça e Instrução Pública de 18 de dezembro de 1929”.
No censo organizado pelo IBGE em 1950 é possível concluir que no período no município de Timoneira, a população pouco cresceu, sendo de apenas 8.857 habitantes. Demograficamente se distribuíam numa proporção de 18,18 pessoas por km², o que caracterizava as localidades povoadas em Timoneira, mais como comunidade do que propriamente como aglomeração populacional de grande escala. Ou seja, a evolução populacional da cidade estagnou em relação à realidade paranaense.
Porém, a partir da década de 1980, a cidade sofreu um crescente aumento de sua população, que se descaracterizava com as perspectivas de crescimento que se forjou em mais de cem anos de povoamento da região. Em 1991, o município tamandareense registrou, segundo o IBGE, 66.159 habitantes. No ano de 1995, o município possuía 473 km² de território ocupado por uma população de 67.000 habitantes (IBGE 1990). No ano de 1997, a população era de 73.018 habitantes, sendo 36.597 homens e 36.421 mulheres (IBGE).
Em 2003, com área territorial menor de 188, 652 km², foram observados 50 km² de área urbana. O restante era abrangido pela área rural. O território mesmo menor estava ocupado por 89.410 habitantes, dos quais 80.058 ocupavam a área urbana e apenas 9.532 a área rural.
No que tange o ano de 2010 o IBGE informou que o município possuía 103.245 habitantes, espalhados pelos 194,75 km². Neste ano ocorreram 420 casamentos legais, 45 separações e 47 divórcios.
A partir desta estatística oficial e do contexto histórico que permeia o povoamento da cidade de Almirante Tamandaré, não seria absurdo dizer que a cidade possui um perfil cosmopolita. Não raro é se deparar com descendentes de pioneiros imigrantes europeus, migrantes vindos de todas as partes do Brasil e até de outros lugares fora do país, que se estabelecem ou estão de passagem pela cidade. Esta mesma observação foi verificada pelos historiadores Ruy Wachowicz na sua obra História do Paraná, 2001, p. 19, que afirmou que a região de Curitiba é o “maior laboratório étnico do Brasil ou do mundo, onde se realizou uma das maiores experiências étnicas”; e Wilson Martins em sua obra “Um Brasil Diferente: Ensaio sobre fenômenos de aculturação no Brasil. São Paulo: Anhembi Limitada”, p. 3, expressa que o Paraná foi “um dos Estados mais ricos de povoamento imigratório”. Quando o autor se refere a Curitiba, ele se refere às Colônias fundadas no século XIX, que eram anteriores à existência de Tamandaré autônoma, sendo algumas localizadas em território tamandareense.
Mas, isto não é exclusividade dos nossos tempos, pois a História de Almirante Tamandaré se forjou desta maneira, principalmente em períodos anteriores ao século XX.
Independentemente de quem se fixou primeiro em terras tamandareenses, é fato para qualquer pesquisador que o povoamento humano da região de Almirante Tamandaré possui períodos bem distintos e notórios, os quais se ligam diretamente à sorte da ocupação do Primeiro Planalto. A exploração aurífera, formação e estabelecimento de Curitiba e posterior ocupação mais intensiva da Região Norte da mesma foram os principais fatores que possibilitaram o surgimento de vários povoados de fato onde hoje se encontra o município tamandareense.