segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

HISTÓRIA DE ALMIRANTE TAMANDARÉ-PR

A MÃO SANTA DO BOTIATUBA 


Na data de 07 de novembro de 1885, a Gazeta Paranaense publicou um curioso relatório policial e posterior lavratura de Termo de Bem Viver, ou seja: “O Exmo Sr. Dr. Chefe de Polícia conseguiu apreender há dias uma mão de cera que Maria Gomes dos Passos, moradora no quarteirão do Butiatuva, possuía, há mais de 30 anos servindo-se dela para, abusando da credulidade e superstição dos rústicos, obter, não só ela como três filhos, meios se sobrevivência.
Maria Gomes, narrando como veio a possuir essa mão, diz que um santo homem, S. Feliz (um dos muitos especuladores que tem havido e ainda há no centro desta província) lhe dera em uma visita que lhe fizera, recomendando que a guardasse, pois que era santa, nunca se separasse dela; que recebesse esmolas e dividisse-as, sendo metade para ela e a outra metade para a mão, junto a qual devia conservar sempre em um barril de água para lavá-la, servindo a lavagem para distribuir-se com os crentes e fiéis que desejassem curar a si ou a outros de todas as moléstias; que a mão santa era milagrosa tanto que ninguém tinha recorrido a ela sem que obtivesse o que desejava.
Acrescentou mais Maria Gomes que tudo isso é verdade e que quando o santo homem lhe deu a mão era ela de comprimento de 0,05 m, tendo crescido até hoje 0,06 m e que sua continuamente.
Essa especulação da ignorância dos rústicos alimentava, como já dissemos, aos três filhos de Maria Gomes, os quais percorriam quarteirões dos distrito deste termo e de outros recebendo esmolas de todo o valor, principalmente dinheiro e joias. Dois desses filhos de Maria Gomes são ébrios habituais e tuberculosos, pelo que um deles já assinou termo de bem viver, perante a Chefe de Polícia e outro vai ser submetido ao processo que procede esses termos.
Eis a descrição da mão santa: mede 0,11 m de comprimentos até o punho e 0,07 m daí até a parte do antebraço que existe, sendo portanto todo comprimento de 0,18 m. Em sua maior largura tem 0,06 m, sendo a grossura de 0,03 m. O indicador tem 0,04 m e o polegar 0,06 m, tudo de comprimento. Apenas nota-se imperfeitamente sinais de unhas. Os demais dedos são também informes e desproporcionais, parecendo todos serem feitos de faca. Um deles é torto e já foi quebrado como visivelmente mostra a emenda que foi feita com cera virgem. As articulações das falanges são representadas por talhos dados à esmo.
Toda a mão está em estado tal imundície que enoja tocá-la.
Ela está colocada dentro de uma caixinha com porta de vidro e em cima de uma espécie de pedestal com a palma à mostra.
Tanto fora como de dentro da caixa pendem fitas multicores, sujas, ramos de flores artificiais, contas de vidro de aljofre, das quais se acham duas voltas no punho.
Consta que o Chefe de Polícia tem tido muitos pedidos para entregar a mão a Maria Gomes, pois, além dos rústicos, muita gente de gravata lavada se tem apegado à mão santa; mas também consta que o Chefe de Polícia tem resistido aos empenhos e que vai enviá-la para o museu, onde ficara como amostra do valor da ignorância popular o qual chega até o ponto de venerar figura tão repugnante”


TEXTO EXTRAÍDO DA OBRA CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E GEOGRÁFICAS SOBRE O MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ-PR que pode ser visualizado nos links:

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

HISTÓRIA DE ALMIRANTE TAMANDARÉ-PR

A LENDA MAIS FAMOSA DA CIDADE


A cidade de Almirante Tamandaré e Campo Magro compartilham uma lenda de mais de 200 anos que é passada de geração a geração. Esta estória possui ainda traços do tempo da mineração aurífera e não pode ser esquecida. Neste sentido a partir de uma coleta entre os moradores tradicionais temos  ou seguinte:



"...na localidade da Conceição na época Curitiba, hoje Campo Magro, havia um dono de escravos.  E esse comandante tinha o nome de Gaspar, o mesmo tinha muitos escravos e tiravam ouro do rio Conceição.
Quando foi um dia ele resolveu esconder sua riqueza e mandou fazer um buraco próximo a um riozinho e colocou todo o ouro dentro e perguntou para os escravos se havia algum que teria coragem de cuidar de seu tesouro. Mal terminou de perguntar, mais que depressa um dos escravos que estava ali presente se levantou, abanou com a mão dizendo: Eu, cuido!
E o Sr. Gaspar lhe falou, então fique aqui cuidando de meu ouro. Naquele mesmo instante sacou sua arma e atirou na cabeça do escravo o enterrou  junto com o ouro.
Dizem, que hoje em dia ninguém pode se aproximar do local. Pois, é apedrejado e cai uma forte tempestade ou venta demais.

Apesar disso ser provavelmente uma lenda. Existem muitos que vão verificar se é lenda ou não. Porém, pelo que se sabe, nunca encontraram nada”.


Para conhecer mais sobre a história de Almirante Tamandaré visite o livro: "Considerações históricas e geográficas sobre o município de Almirante Tamandaré-PR" no endereço eletrônico:
http://issuu.com/kotovski/docs/considera__oeshistoricasdetamandare(PARTE 1)
http://issuu.com/kotovski/docs/consideracoeshistoricasdetamandarer(PARTE 2)

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

HISTÓRIA DA CIDADE DE ALMIRANTE TAMANDARÉ-PR

UM PATRIMÔNIO CULTURAL

A construção municipal mais importante, que inclusive é um patrimônio histórico e artístico do Estado do Paraná, desde 25 de março 1994, sob o processo nº 001/93. Inscrição nº 119, Livro do Tombo Histórico, é a Prefeitura Velha. A qual foi construída na gestão do Intendente João Candido de Oliveira em um terreno doado por ele ao município. A inauguração ocorrida na mesma gestão contou em seu ato solene em 26 de março de 1916, com a presença do Presidente do Estado do Paraná, Affonso Alves de Camargo e do Senador da Republica Generoso Marques dos Santos.
Porém, após sua desativação em 1986, na gestão do então Prefeito Ariel Adalberto Buzzato, o prédio da Prefeitura Velha, abrigou a Biblioteca Municipal Santos Dumont, a qual foi remanejada para o bairro da Cachoeira, ocupando o prédio da antiga estação ferroviária. Em seu lugar, foi inaugurada no dia 27 de abril de 2006, com um acervo inicial de 1711 livros a Biblioteca Municipal Dr. Harley Clóvis Stocchero. A qual foi assim denominada, como justa homenagem, ao cidadão filho nato da terra de Tamandaré, que carregou sua origem, no contexto honroso de fazer parte da Academia Paranaense de Letras, na qual foi o 5º ocupante da Cadeira Nº 6.

Coincidência ou não, o poeta, escritor, advogado e funcionário público, seu Harley, faleceu no mesmo dia e mês (26/03/2005) que se inaugurou o prédio em que hoje se localiza a biblioteca que leva seu nome.
Prefeitura Velha década de 1920 /Foto: ESTADO DO PARANÁ. Estado do Paraná, 1923. São Paulo: Capri & Olivero, Empreza Editora Brasil, 1923.

Para conhecer mais sobre a história de Almirante Tamandaré visite o livro: "Considerações históricas e geográficas sobre o município de Almirante Tamandaré-PR" no endereço eletrônico:

http://issuu.com/kotovski/docs/considera__oeshistoricasdetamandare(PARTE 1)

http://issuu.com/kotovski/docs/consideracoeshistoricasdetamandarer(PARTE 2)

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

HISTÓRIA DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

OS NATIVOS DA TERRA TAMANDAREENSE

Os primeiros seres humanos a povoarem a região tamandareense foram os Tinguis, que significa em nossa língua “nariz afilado”. Os quais se espalhavam por toda a região dos Campos de Coritiba que hoje corresponde a Curitiba e uma parte da Região Metropolitana.
Por ser um povo da floresta, se diferenciava um pouco do povo nativo encontrado no litoral, mas que possuíam a mesma origem Tupi-Guarani. Apesar, deles possuírem a mesma gênese, o povo da floresta (Tinguis), ainda se comportava dentro de um contexto característico seminômade. Ou seja, caçavam, pescavam, coletavam alimentos da mata e conheciam a agricultura, mas a utilizavam apenas como atividade secundaria de sobrevivência e não como a principal. Por este motivo que eram seminômades. Se organizavam em grupos que se abrigavam nas tindiqueras (buraco de tingui) que na verdade eram covas abertas no chão.
Graças, a observação feita dos hábitos alimentares dos tinguis, foi possível identificar vegetais e animais exóticos (já que certas espécies vegetais e animais eram desconhecidos para os portugueses), e a partir deste fato, o colono conseguiu classificar o que era comestível ou não. Um exemplo, é o habito que a população da nossa região possui de se alimentar com o pinhão, fruto da Araucária, árvore símbolo do Paraná. Neste contexto, também se observou a correta utilização da mandioca e sua posterior utilização pelo colono como alimento.      
Em documentos oficiais da época da colonização da Vila Nossa Senhora da Luz dos Pinhais (Curitiba), os Tinguis foram descritos como um povo pacífico, que apesar de andarem nus, não carregavam a malicia do europeu “civilizado”. Eram simpáticos e acessíveis. Tão acessível, que acabaram virando serviçais do colonizador da região.
Em decorrência da exploração de seu trabalho que sofreram no contexto da exploração do ouro e de outras atividades econômicas; do constante contato que tinham com os colonizadores dos povoamentos que iam se formando, devido a sua simpatia, docilidade e inocência, eles aos poucos foram se condicionando civilizado aos moldes dos colonizadores; outros que vagavam foram transformados em escravos pelos bandeirantes; já outros se misturaram a outros grupos indígenas ou até mesmo aos colonizadores, já que eram seminômades; alguns grupos foram catequizados por jesuítas, já que existem marcas da passagem desses sacerdotes no município (Recanto Marista ou Parque Santa Maria) e por fim, a doença trazida pelo europeu trouxe a morte aos grupos mais retirados. Ou seja, os tinguis foram supostamente absorvidos e não exterminados, pela nova realidade que raiva na região.
Neste contexto, o que sobrou dos tinguis foi seu legado genético que muitos moradores da região carregam em seu sangue e a expressam em características físicas e até em costumes e comportamentos herdados deles. Como também é possível perceber de forma notória, o que sobrou de sua língua, nas expressões que denominam coisas, comidas e lugares. Um exemplo é a denominação que recebem alguns bairros tamandareenses: Botiatuba, Pacotuba, Boixininga, Tanguá, Juruqui, Humaitá, Barigui,... No entanto, infelizmente, não existe mais uma cultura pura que represente o Povo Tingui.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

HISTÓRIA DE ALMIRANTE TAMANDARÉ_PR

O SAIBRO TAMANDAREENSE

Quem chega pela primeira vez na cidade, e observa a imagem do topo do morro central que notoriamente existe na Sede, já percebe que a aqui é uma terra onde se explora minério. Talvez pela fama da cidade, muitos devam pensar que aquela alteração naquele morro seja fruto da exploração do calcário. Porém, o morro só ficou daquela forma devido à exploração do saibro ocorrido no início da década de 1980, para atender exclusivamente as necessidades de construção de uma base solida que sustentasse a pista de pouso do Cindacta II (Base Aérea do Bacacheri em Curitiba).  
Talvez, depois do forninho continuo da cal, o símbolo que melhor represente a história econômica de Almirante Tamandaré, esteja na imagem daquele morro. 
(Morro da Saibreira / Foto – Antonio Kotoviski, janeiro de 2011)

domingo, 2 de fevereiro de 2014

HISTÓRIA DE ALMIRANTE TAMANDARÉ-PR

BAIRRO COLÔNIA SANTA GABRIELA

Na data de 07 de fevereiro de 1886, 180 imigrantes (sendo maioria italianos e poloneses) foram assentados legalmente no antigo Sitio Ressaca às margens do Rio Barigui, para fundarem a Colônia Santa Gabriela, que possuía inicialmente 40 lotes com tamanhos que variava de 7 a 8 (ha)  distribuídos em uma área de 216,00 (ha). O engenheiro responsável pelo projeto foi o Sr. Manoel Francisco T. Correia. Já a denominação da localidade se vincula a uma homenagem a Senhora Gabriela d´Escrangnolle Taunay, mãe do Presidente da Província do Paraná Alfredo Taunay. A qual se anexou a expressão Santa para enfatizar o aspecto religioso.
Neste bairro, junto a Estrada das Laranjeiras esta localizado o primeiro Patrimônio Histórico Cultural do Paraná tombado em Almirante Tamandaré de acordo com o Processo nº 071/79, Inscrição nº 70, Livro do Tombo Histórico. Data: 13/03/1979.
Oratório São Carlos Boromeu localizado no Bairro Colônia Santa Gabriela/Foto: Antonio Ilson Kotoviski Filho, abril 2011.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

HISTÓRIA DE ALMIRANTE TAMANDARÉ-PR

A ÚLTIMA LEMBRANÇA DO COLÉGIO DAS FREIRAS DO BOTIATUBA.

No ano de 1939, é fundado pela Igreja Católica uma escola e internato denominado de  Colégio Nossa Senhora das Graças das Irmãs Franciscanas da Sagrada Família de Botiatuba, que se localizava na atual Avenida Wadislau Bugalski, onde se encontra a atual Igreja Redonda do Botiatuba (Capela do Divino Espírito Santo). O qual esteve sob a administração das Irmãs até o ano de 1966, quando o colégio foi fechado.
(Colégio Nossa Senhora das Graças das Irmãs Franciscanas da Sagrada Família de Botiatuba, 1939/Fonte: BONAMIGO, Euclides. Histórico da Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Almirante Tamandaré. 1998)


Em 1967 o Colégio Nossa Senhora das Graças é desmontado, sendo construída uma escola municipal com a mesma denominação, porém sem “das Irmãs Franciscanas da Sagrada Família de Botiatuba”, no terreno ao lado onde mora a professora Ledi Rizolette Straioto (que lecionou no colégio das freiras antes de ser desmontado). Esta escola só contava com uma sala de aula, e dentro deste mesmo espaço, se encontravam alunos, de 1ª a 4ª séries. Esta era a realidade que a professora Rizolete teve que conviver e administrar por muitos anos. Pois, foi à primeira professora lotada no município a dar aula no Botiatuba. Esta casa, assim como a escola não existe mais. Porém, a professora ainda mora no mesmo local.
No ano de 1987 foi construída em alvenaria e inaugurada a Escola Rural Nossa Senhora das Graças, a qual atendia 42 alunos em 2007 de 1ª a  4ª séries. Em 2009 estes alunos foram remanejados para a Escola Municipal Ignácio Lipski, no terreno vizinho. Ocorrendo desta forma o fechamento da “Escolinha da Rizolete”, como era carinhosamente e popularmente conhecida. 
Na sexta-feira do dia 11/11/11, no período da manhã o pequeno prédio da escolinha Nossa Senhora das Graças foi demolido e com ele as ultimas lembranças do Colégio das Freiras e da Escolinha da Rizolette se foram. O que fica são as fotos e as histórias dos muitos alunos que por lá passaram.    


(Demolição do prédio da Escola Rural Nossa Senhora das Graças/Foto: Antonio Ilson Kotoviski Filho 11/11/11)

Para conhecer mais sobre a história de Almirante Tamandaré visite o livro: "Considerações históricas e geográficas sobre o município de Almirante Tamandaré-PR" no endereço eletrônico:

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