A cidade de Almirante Tamandaré já foi muito rica em vestígios de nativos Tinguis como é apontado nos estudos de Romário Martins, como também é possível interpretar em documentos imobiliários do inicio do século XIX referências a presença nativa em algumas regiões da cidade. Outro ponto que chama atenção são algumas lendas, sendo a mais curiosa que em uma determinada região da Sede existia um suposto cemitério indígena. No entanto, existiram boatos que em determinadas grutas calcareas que não existem mais, haviam traços de arte rupestre.
Se isto é real ou não, só uma pesquisa cientifica especializada poderá trazer respostas, não mero levantamento bibliográfico e a oralidade pura e simplesmente. Pois, a História é uma ciência. Diante disso eu seria irresponsável em repassar uma informação em livro sem a devida pericia, pois querendo ou não, um livro para o leigo é portador de credibilidade. Neste contexto, apenas apresentarei um fato real, porém, distorcido pela oralidade.
"Recordo de um
fato, que escutei ainda criança nas conversas dos adultos, na agência do
extinto banco Banestado (primeira agência bancaria na cidade, aberta em 16 de
maio de 1977), onde hoje é o atual Banco Itaú. Sendo que o contexto da
conversa, poderia ser uma pista para ajudar a elucidar o mistério da origem do
homem americano e porque não detalhar melhor o povoamento primórdio da região
de Almirante Tamandaré. Pelo menos foi o que me ascendeu na consciência,
naquele momento.
Por quê?
Eis, que dentro
de uma normalidade, sempre faltando dez minutos para as quinze horas, eu sempre
era solicitado a levar o dinheiro arrecadado pela venda de mercadorias na loja
de minha avó, para ser depositado no banco. Ao chegar lá, presenciava a rotina
de sempre (banco lotado, pessoas importantes da cidade resolvendo seus
problemas, gente reclamando, com pressa,...), ou seja, movimento típico de uma
cidade que só contava com dois bancos na época (Banestado e o Banco do
Brasil).
Porém, como o
banco estava lotado, o fim da fila estava já próximo ao pessoal que aguardava falar
com o gerente. Foi neste momento, que escutei um grupo de pessoas a comentar
algo, sobre um ilustre político tamandareense. O qual, havia se metido em uma
enorme confusão. Pelo fato de seus funcionários que desempenhavam a sua função
de explorar calcário, terem dinamitado uma pedreira na região da Ermida, onde
se localizava uma gruta calcária, cujo em suas paredes, estavam dispostos raros
exemplares de desenhos rupestres, feitos em tempos ainda não datados.
Para ser
sincero, não sei o motivo porque este fato ficou gravado, já que mal prestei
atenção. Mas, imagino que a grande chave para isto ter ocorrido, foi porque
dias mais tarde, escutei outras pessoas, também comentando algo sobre o
assunto, inclusive até falando sobre um processo judicial, movido pelo
Ministério Público motivado pela denuncia de um grupo de pessoas, que
pesquisavam aqueles desenhos. E posteriormente, porque na escola, a professora
explicou sobre a arte rupestre.
Mas só hoje,
que fui “me ligar” da gravidade daquela ação cometida contra aquele patrimônio
histórico/geológico, e posteriormente relacionar a importância daqueles
desenhos e manifestações pré-históricas, para a melhor compreensão da história
de minha cidade, do meu Paraná, de meu Brasil e porque não do meu Planeta.
Depois, de ter
refletido sobre tudo isto, em questão de tão pouco tempo, voltei à realidade, e
lá estava o professor de História, que aprendia mais um pouco com sua própria
experiência histórica. E como sempre acontecia, o sinal tocou, para o recreio,
o qual me possibilitou ir para a sala de computação, pesquisar algo na internet
que falasse sobre aquele respectivo fato. Como era algo anterior a
informatização dos jornais e da justiça, não obtive resultados mais apurados,
para me satisfazer a curiosidade do momento. Porém, descobri que na região dos
minérios, existem vários processos, movidos por ONGs e pelo próprio Ministério
Público[1],
contra firmas exploradoras de calcário, motivadas pela destruição de grutas,
cavernas e formações geológicas raras. Independente de terem em seu interior,
sinais da arte rupestre ou não. Pois, é através de uma gruta, caverna, que se
apreende de forma mais objetiva e concreta, sobre a história geológica da
região e consequentemente da Terra[2]".
Grutas fotografadas em 1953/provavelmente não existam mais/local e fotografo desconhecido. |
[1]
REDE LATINO AMERICANA DO MINISTÉRIO PUBLICO AMBIENTAL. Ação Civil Pública.
Disponível
em:<http://www.mpambiental.org/index.php?acao=pecas-pop&cod=95>
Acesso em: 27 nov. 2010.
[2] MPPR
- MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ. O que restou das Cavernas. Disponível
em:<http://www.mp.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=893>
Acesso em: 27 nov. 2010.
Nenhum comentário:
Postar um comentário