É muito importante para qualquer historiador ou pesquisador possuir necessariamente conhecimentos geográficos regionais muito amplos e por efeito visitar os locais que esta pesquisando,...
Pois, caso contrário pode recair em armadilhas, as quais resultam em erros
graves. Um exemplo: a localidade Botiatuba. Eis que em muitos livros e
documentos ela se apresenta como um arraial próximo à mina de ouro[1] e
por coincidência vizinha ao Passaúna. Já em outros sem uma exposição geográfica
se apresenta: “como terra doada
em 1686, pelo Capitão-Mor governador Thomaz Fernandes de Oliveira ou Sr. Manoel
Soares que era dono da região do atual Butiatuba vizinhas com a sesmaria de seu
sogro D. Rodrigo e o Rio Passaúna”[2].
Ou seja, dentro de uma lógica parece que esta se tecendo sobre o Botiatuba
tamandareense, já que este fica próximo a nascente do Rio Passaúna. E por este
motivo se recai no erro de se tecer estas informações verídicas como se
pertencentes à localidade. No entanto, esta informação esta equivocada.
Por que? Porque o Botiatuba que se esta
se referindo é o que está localizado em Campo Largo (Botiatuva), ao lado das
minas de Itambé. Porém, naquela época se escrevia Botiatuva que é o mesmo que
Botiatuba, Butiatuva e Butiatuba. O qual era vizinho do Passaúna. Que fica
próximo do Botiatuvinha. Ou seja, não basta verificar a veracidade da
informação, se deve também verificar a posição geográfica e se não existe uma
localidade homônima.
Mas hipoteticamente, a área atual do
Botiatuba tamandareense, poderia ter pertencido a essa sesmarias, a qual foi
dividida com o tempo entre herdeiros de Baltazar Carrasco dos Reis e os
herdeiros destes,... Pois, no século XVII as sesmarias eram de grandes
extensões territoriais. E as divisas naquele tempo, eram demarcadas por marcos
naturais (rio, colinas, campos,...). Este marco era o Rio Passaúna, o qual
possivelmente foi estudado e investigado para ver se não existia ouro de
aluvião no caminho feito por ele. Tanto
em a sua foz, quanto em direção de sua nascente. Como não seria surpresa, que a
região do Botiatuba, derivou da área maior, a sesmaria de Butiatuba (atual
Botiatuva em Campo Largo), que é separada pela área do Butiatuvinha (não muito
longe um do outro, também derivada deste)[3]. Talvez seja este motivo que a região do
Marmeleiro e Botiatuba já aparecem com povoamentos em meados do século XVIII e
antes disto pelo número de pessoas existentes dentro de um contexto de “quarteirão” curitibano. por efeito nesta época existia Botiatuva na Vila do Principie (Araucária) e Campo Largo.
Ou seja, só expus uma observação de
considerações finais, sem ter conseguido uma prova concreta para tal fato,
mesmo eu tendo tido o contato com fragmentos de escrituras e instrumentos de
transferências e testamentos desta época. Pois, o problema aparecia pela falta
de mapas precisos e no contexto homônimo de localidades, além do fato
desses documentos estarem dispersos
entre os cartórios da Comarca de Campo Largo, Curitiba, Paranaguá, Arquivo
Público e museus restritos, fora os que se perderam com o tempo por indevida
conservação. Ou seja, como expressei inicialmente, estes fatos eram tão comuns,
que ninguém se dava conta que um dia seria histórico, por isto ninguém cuidou
adequadamente. A mentalidade de preservação de acontecimento cotidiano é um
fato tímido, indireto, recente e restrito a certas pessoas. Não é uma
mentalidade geral e difundida. Por este motivo que esta observação não aparece
nos capítulos iniciais. E não deve ser considerada como verídica ou plausível.
No entanto o Botiatuba tamandareense foi uma área de sesmaria (mas de
quem inicialmente?) e seu nome tem origem na língua tingui. Isto é fato.
[1]
WACHOWICZ, Ruy Christovam. História
do Paraná. 9. ed. Curitiba: Imprensa Oficial do
Paraná, 2001,
p. 62-63.
[2] STANCZYK FILHO, Milton.
Alianças Matrimoniais e Estratégias de Bem Viver no Espaço Social da Vila de
Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba (1690 – 1790). Universida Federal do Paraná, trabalho
apresentado no XIII Encontro da Associação Brasileira de Estudos Populacionais,
realizado em Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil de 4 a 8 de novembro de 2002, p.
10-11.
[3]
NEGRÃO. Francisco. Boletim do Archivo Municipal de Curytiba/Documentos
para a história do Paraná/Fundação da Villa de Curytiba 1668-1745. Vol.VII,
Curytiba, Livraria Mundial, 1924, p. 07-09.
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