TRECHO EXTRAÍDO DA OBRA RELATOS DE UM TAMANDAREENSE/HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ (p. 264-267).
Historicamente
o contexto da Educação de Almirante Tamandaré que é uma consequência do
desenvolvimento tardio da educação no Brasil. Comecei a apresentar um quadro
histórico resumido da história da Educação Brasileira forjada aos moldes da
civilização europeia dominante no Brasil que foi introduzida em 1549 com a
chegada da pioneira Companhia de Jesus (Jesuítas), com o objetivo principal de
catequizar os “selvagens nativos” para torná-los cristãos. Ou seja,
inicialmente a Educação não era para atender o colono. É lógico que por efeito,
esta primeira manifestação do ensino abrangeu os poucos filhos de colonos
existentes no território.
A partir deste
fato o ensino em território brasileiro começou sofrer a sorte das varias ações
governamentais históricas. Entre elas as que mais tiveram influência foram: a
ordem de saída da Companhia de Jesus do Território Português (na época isto
valia para o Brasil), a qual deixou muitas consequências negativas por mais de
dois séculos principalmente na colônia; o remanejamento da Capital Portuguesa e
a vinda da Corte para o Brasil, o que obrigou o governo a investir em um
sistema educacional para atender as necessidades da nobreza e burguesia deslocada
para o Rio de Janeiro e Salvador; o processo de Independência do Brasil, onde a
primeira Constituição já mostrou uma tímida preocupação com a Educação; o
advento da transferência de competência de responsabilidade do desenvolvimento
do ensino básico para as províncias, a qual para muitos cientistas da Educação
ocorreu em período e forma não compatível com a realidade brasileira; o
desenvolvimento da mentalidade de se repensar a cultura brasileira e
manifestações em outros setores sociais na década de 1920; fundação das
primeiras universidades nos principais centros urbanos do país; surgimento de
tendências nacionais de tentativa de aplicação da teoria da Nova Escola;
alteração de regime político e consequente alteração dos projetos educacionais;
preocupação com o fim do analfabetismo e a alfabetização de adulto;
desenvolvimento industrial brasileiro que norteou a política de ensino no
Regime Militar que visava atender as novas necessidades da sociedade naquele
momento. E por fim o novo norte ditado pela Constituição de 1988, promulgada
após amplo movimento pela redemocratização do País, procurou introduzir
inovações e compromissos, com destaque para a universalização do ensino
fundamental e erradicação do analfabetismo.
Resumindo, a
Educação existente no Município, sempre foi um reflexo deste contexto. Mas com
um agravante, o extremo aumento populacional que sofreu nos últimos 40 anos.
Pois, querendo ou não, teve que se desenvolver uma estrutura para abraçar os
anseios da população, que eram e ainda é ditado pelas necessidades imposta pelo
sistema capitalista.
Diante deste
exposto, os relatos mais antigos do desenvolvimento da educação oficialmente em
Almirante Tamandaré, se dão pelo texto da Lei nº 731 de 19 de outubro de 1883[1],
assinada pelo Presidente da Província do Paraná, o Sr. Luis Alves de Oliveira
Bello. O qual em seu artigo único dispunha da criação de uma cadeira de
instrução primária do sexo masculino, na localidade de Botiatuba, distrito de
Pacotuba. Porém, a relatos documentais, que já em 1872, se fazia presente uma
escola na localidade. Pois, o Sr. João Cândido de Oliveira foi aluno de Antônio
Pires Rocha Pombo e Antônio Joaquim Padilha.
No período de
1892 a 1893 o Município de Tamandaré apenas contava com uma escola pública
promiscua de ensino primário na Sede cujas professoras foram a Dona Floripa de
Siqueira Macedo e posteriormente Dona Gertrudes Domitila da Cunha Martins[2].
Ainda no
século, XIX é relatado à significativa colaboração dos recém-chegados
imigrantes europeus estabelecidos nas imediações de Curitiba, entre elas se
destaca a Colônia Lamenha. Que futuramente faria parte da Villa de Tamandaré,
como principais propagadoras de escolas particulares, com o intuito de
desenvolver conhecimento e condições de adaptação do imigrante a cultura local,
isto foi observado em 1868[3],
mesmo existindo na região da Lamenha uma Escola Primaria Colonial[4].
Na região da
Colônia Antonio Prado já se fazia existente uma escola já no ano de 1860, tendo
como primeiro professor o imigrante alemão Augusto Hecke, que foi professor do
Exército Alemão e Missionário da Igreja Luterana. A escola recebeu varias
denominações até se instalar no prédio inaugurado em 1986 e denominado em 1991,
como Escola Rural Municipal Antonio Prado. Em 2007 possuía apenas 47 alunos matriculados
no ensino de 1ª a 4ª série. Em 2009 contava com 40 alunos e 4 funcionários, o
que resultou no seu fechamento que gerou muitos protestos[5].
Também no
Relatório do Superintendente Geral do Ensino Publico do Paraná, o Dr. Victor
Ferreira do Amaral e Silva elaborado em 01 de novembro de 1894, é acusada a
existência de três escolas subvencionadas (particulares) em Tamandaré.
Localizadas no Tijuco Preto, Conceição e Pacotuba[6].
[1]
BLANCK MIGUEL, Maria Elisabeth. Coletânea da documentação educacional
paranaense no período de 1854-89. Campinas: Editora Autores Associados, 2000.
[2]
MUNHOZ, Caetano Alberto. Relatório da
Secretaria dos Negócios Interior, Justiça e Instrucção Publica/Quadro
demonstrativo do professorado do Estado do Paraná. Curityba: Typ. e Lith. a
vapor da Companhia Impressora Paranaense, 1894, Quadro anexo, p. ( C ).
[3]
CÂMARA DE EXPANSÃO ECONÔMICA DO PARANÁ. 1º
Centenário de Emancipação Política do Paraná. Porto Alegre RS: Livraria do Globo S.A, 1953, p. 30.
[4]
MUNHOZ, Caetano Alberto. Relatório da
Secretaria dos Negócios Interior, Justiça e Instrucção Publica/Resumo das
Escolas de Instrucção Primaria do Estado do Paraná. Curityba: Typ. e Lith.
a vapor da Companhia Impressora Paranaense, 1894, Quadro anexo, p. (D).
[5]
GAZETA DO POVO. Moradores entram com mandado de segurança contra fechamento
de escola. 16 de abril de 2009.
[6]
Idem, Anexos de Relatórios, Superintendência Geral do Ensino Publico do estado
do Paraná, p. 40.
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