TRECHO EXTRAÍDO DA OBRA RELATOS DE UM TAMANDAREENSE. A HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ (p. 437-440)
As facilidades
encontradas na atualidade para comprar o que queremos. Faz-nos esquecer dos
tempos em que mesmo tendo dinheiro, nem sempre era possível adquirir na hora ou
em dias o que se desejava. Não raro, é nos zangarmos, quando surge a
necessidade de ir até a capital para buscar algum objeto, não disponível na
cidade. Porém, nos dias de hoje a locomoção é tão fácil e rápido para a
capital, que às vezes até deixamos de privilegiar o comercio local.
O comércio na
região onde se encontra Almirante Tamandaré praticamente apareceu junto ao
aventureiro que por estas bandas vieram atrás do ouro no século XVII. Pois, a
busca pelo ouro, não se contemplava em dias, mas sim em anos. Diante disso, os
pequenos arraias por servirem de pouso ao aventureiro cansado, já que era sua
base e onde se localizava seu domicilio, com certeza dispunha de algum pequeno
comércio ou atividade comercial ambulante, que fornecia o necessário para a
sobrevivência daquele povoamento. Porém, provavelmente limitado a ferramentas
vendidas sobre encomenda, couro, tecido, vinho,..., ou seja, produtos, que a
principio, não eram produzidos na localidade.
Nesses tempos,
muitos negócios eram feitos a base do escambo (troca). Às vezes o aventureiro
trazia alguma “droga do sertão” (erva-mate, hortelã,...,), que eram trocadas
por alguns metros de tecido, por exemplo. Ou seja, não era comum circular
dinheiro nesses tempos.
As coisas
mudaram com o advento da Vila Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, onde apareceram
os primeiros armazéns do Primeiro Planalto Paranaense. Diante desse fato,
produtos novos foram aparecendo, trazidos por vendedores da Capital que se
deslocavam com carroças cheias de produtos, para serem vendidos ou trocados nas
localidades mais afastada da Vil
a (Curitiba).
Já no século
XIX, começaram a aparecer na região da Freguesia do Pacotuba, armazéns bem
abastecidos. No entanto, nas localidades mais afastadas o comércio era feito
através de vendedores que passavam nestas localidades. Ou os moradores se
deslocavam até o armazém mais próximo para comprar o produto que necessitava.
Porém, às vezes encomendava alguma coisa a alguém que estivesse indo até a
Freguesia ou a capital.
Existem
relatos, que já em meados do século XIX, existia na região do Botiatuba, uma
mercearia pertencente ao Sr. José Real Prado (Cônsul da Espanha em Curitiba),
que era avó do Sr. José Real Prado Sobrinho casado com dona Izalita Rodrigues
do Couto Prado, que nasceu em 1909, e relatou em 2002 este fato[1].
Outra mercearia
existente na região no final do século XIX, provavelmente em 1876, era a
mercearia do português Teholindo Baptista de Siqueira casado com a senhora
Rachel Cândido de Siqueira, onde neste estabelecimento além de provimentos
alimentares e ferramenta, existiam fazendas de sedas, fio de casimira. Era uma
mercearia muito movimentada, que dava pouso aos tropeiros que vinham do
Assungui controlando as boiadas. Pois, a mercearia de dona Rachel, ficava bem
as margens da Estrada do Assungui (na atual esquina da Rua Frei Mauro com a Rua
Rachel Candido de Siqueira, onde existem as ruínas de uma antiga construção)[2].
Já em 1912, o
Sr. Domingos Scucato, se estabelece na cidade, abrindo um armazém de secos e
molhados, armarinhos e fazendas. Ou seja, foi um dos maiores e mais completos
armazéns da Villa de Tamandaré, o qual possuía uma enorme variedade de produtos
(desde ferramentas a gasolina). Ficava no antigo cruzamento da atual Rua
Coronel João Candido de Oliveira, com a Estrada do Assungui (ao lado da ponte
do Rio Barigui)[3].
Armazém de secos e molhados que estava
localizado na atual Rua Coronel João Candido de Oliveira do Senhor Domingos
Scucato (Não existe mais). Antonio Scucato, sentada Dona Maria Scucato Siqueira, atrás Rosa
Scucato ao lado de João Scucato (Joani), sentada a Senhora Pechina Coradin, em
pé atrás a senhorita Piera Scucato Alves, sentado João Coradim, Domingos
Scucato, a criança Margarida Scucato, dona Ana Caradim Scucato e a criança
Tereza Scucato Alves/Foto: acervo particular da Família Viana.
[1]
Relato de Izalita Rodrigues do Couto Prado, 2002.
[2]
Relatos de seu Generoso Candido de Oliveira, 2002. Joel de Siqueira, 2001.
[3]
TRIBUNA DOS MINÉRIOS. Centenário de
Domingos Scucato/por Virginia Siqueira Neta. Ano XII, nº 278, 23 de setembro de 1979.
Nenhum comentário:
Postar um comentário