TEXTO EXTRAÍDO DO LIVRO RELATOS DE UM TAMANDAREENSE. HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ (p.46-49).
Pela História
oficial, o território luso na porção meridional da América, não começou ser
colonizado imediatamente após seu descobrimento. Esta situação ocorria, porque
o Reino de Portugal desfrutava de um importante e lucrativo comércio
ultramarino, com suas feitorias fundadas nas regiões costeiras das atuais
nações da China, Japão, Índia, Arábia, Angola, Moçambique, Timor Leste, São
Tomé e Príncipe, além de outras localidades distribuídas pela região do
Oriente. Diante deste fato, a América
pouco lhe servia, pois, não possuía algo relevante para ser explorado
comercialmente, com exceção do pau-brasil.
Naquela época,
muitas nações não concordavam com a divisão do mundo, tratada pelos reinos
ibéricos. Por este motivo, não a respeitavam. Então, não raro, foi à presença
francesa no litoral Brasileiro, que a principio também vinham buscar
pau-brasil, e empreender busca a outras coisas comercializáveis na Europa.
Conhecedor
deste fato e de e que a Espanha já organizava expedições, que saiam da costa
oeste da América em direção a leste. Além de noticias sobre ouro e prata
encontrado pelos espanhóis em território Inca e Asteca e principalmente porque
o monopólio do comércio com o oriente já estava sendo perdido, o então rei de
Portugal, Dom João III, viu a necessidade de proteger o território americano.
Para realizar isto, teria que formar povoamentos no território de futuro tão
promissor. Mas para colonizar, teria que investir. Percebendo que seria caro
tal empreendimento, Dom João escolheu nobres de sua extrema confiança, e lhes
doou quinze grandes lotes de terras na América, as quais deveriam ser providas,
protegidas e gerar lucros. Mas tudo, a partir de recursos bancados pelos
próprios donatários. Resumindo, se fazia assim a primeira forma de organização
administrativa no Brasil, o qual é conhecido como sistema de Capitanias
Hereditárias. As quais, a Capitania de São Vicente e a de Santana, foram as que
se dispuseram em parte, sobre o atual território paranaense.
Porém, antes da
chegada, de Martim Afonso de Souza para tomar posse da Capitania de São
Vicente, em 21 de janeiro de 1532. Já era de conhecimento, que já existiam
portugueses morando neste território muito antes de 1531, provavelmente
aventureiros que pertenciam a então expedição de Aleixo Garcia e náufragos que
vieram parar nestas terras anos após a descoberta da nova terra por Cabral.
Estes portugueses
antecessores de Martim de Souza formaram pequenas vilas (ainda não
oficializadas, mas denominadas como vilas) nas regiões da capitania, e viviam
junto com os índios destas regiões. Seus primeiros trabalhos na nova terra era
um trabalho de agricultura, já que provavelmente estes homens vinham de regiões
agrícolas de Portugal. A caça de escravos índios também era utilizada por esses
primeiros homens em terras brasileiras, já que o porto de São Vicente (antes da
chegada de Martin Affonso) era conhecido como um porto de escravos. Esses
homens que habitavam não só a região de São Vicente. Mas também outros portos
mais ao sul (Capitania de Santana, doada a Pero Lopes), provavelmente vieram de
naus clandestinas que vinham em busca de terras e procuravam chegar ao rio da
Prata, tanto que em alguns portos da mesma época também se encontravam
náufragos espanhóis.
Martim Affonso
de Sousa não permaneceu no Brasil e voltou a Portugal, mas deixou muitos de
seus homens em terras brasileiras, como por exemplo: Braz Cubas que depois se
tornou capitão-mor da capitania. Esses homens que ficaram foram aqueles que
realmente começaram a colonizar mais intensificamente a capitania de São
Vicente, pois começaram a comandar e a organizar a nova terra descoberta.
Independente da
data, já era notória a presença do “homem europeu” no litoral próximo as atuais
terras paranaenses. No entanto, mesmo nas regiões onde não havia traços de
povoamentos, já era notório que uma das atividades principais dos habitantes da
Capitania, era a busca por índios e metais preciosos.
Pois, o que
motivava o português vir para a colônia, não era o sonho de uma vida nova no
Brasil, mas sim, o enriquecimento, fama e reconhecimento, pelas suas façanhas.
As quais lhes trariam o respeito e a honra perdida em Portugal. Ou seja,
os colonos que vieram para o Brasil, e
ficaram até a sua independência, não vieram para ficar. Mas para um dia
voltarem para Portugal, agraciados de fama e fortuna[1].
No entanto, o
problema é que uma grande maioria não voltou, e aqui ficou alimentando o sonho
de um dia voltar, e agindo como se fosse um dia voltar, pois, nada faziam para
melhorar ou facilitar sua “estadia” em terras brasileira.
Talvez este
comportamento explique, porque hoje, muitos dos que passam e em pouco tempo se vão
de Almirante Tamandaré para outros locais, nada deixam de colaboração para
melhorar a cidade. Pois, “porque fazer se daqui a algum tempo não vou mais
morar aqui!” Esta atitude de outrora, hoje ainda é repetida. Maldita herança
deixada por estes gafanhotos.
Porém, foi este
comportamento ingrato, que mais motivou e deu coragem aos pioneiros colonos, a
desbravar as terras paranaenses e consequentemente, deixar suas marcas pelos
caminhos. Sendo que, na ânsia pela
fortuna e fama, muitos esqueceram o tempo, e foram absorvidos e acorrentados
pelo chão que vieram “parasitar”.
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