TEXTO EXTRAÍDO DO LIVRO RELATOS DE UM TAMANDAREENSE/HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ, p. 83-86.
De férias, duas semanas
para o Natal, aproveitei meu tempo livre para comprar alguns presentes mais
sofisticados em Curitiba. Percebendo que eu iria sair, meu pai resolveu ir
junto, para levar sua câmera fotográfica digital para arrumar.
Como de
costume, peguei a Rodovia dos Minérios (PR-92, trecho Curitiba - Rio Branco do
Sul, cujo, o nome oficial é: Rodovia "Conselheiro Kielse Crisóstomo da
Silva", denominada apenas em 2007, pela Lei
nº 15.439 de 15.01.2007 (D. O. E nº 7400) assinada pelo então Presidente da
Câmara Legislativa do Paraná, Hermas Brandão)[1], para chegar até o
centro da capital.
No percurso ele começou
a me contar. Que quando ele era piá, a Rodovia dos Minérios era conhecida como
Estrada Estratégica, que começava no Cemitério do Abranches em Curitiba e ia
até Rio Branco do Sul. A qual foi construída pela CCPRB (Companhia de Cimento
Portland Rio Branco), em parceria com o Estado, na época governado pelo Sr.
Bento Munhoz da Rocha Neto. Sendo que ela só foi aberta em 1953 e finalizada em
abril de 1955[2],
pelos funcionários denominados de arigós. Porém, só em 1968, na gestão do Sr.
Paulo Cruz Pimentel, que ela foi asfaltada.
Antes disso, o caminho
era feito pela Estrada do Assungui (com dois “SS”), que começava no Largo da
Ordem, em Curitiba (atual Av. Mateus Leme), que remonta o século XIX. Já dentro
do município de Almirante Tamandaré, se prolongava pela atual Av. Wadislau
Bugalski. Continuando pela contemporânea Rua Rachel C. Siqueira até a Rua Pedro
Teixeira Alves que seguia em direção a Rua Antonio Gedeão Tozin até chegar à
região do atual Sindicato dos Comerciários no Boixininga (trecho de estrada que
foi asfaltada na gestão do Prefeito Roberto Luiz Perussi: 1989/1992. Mas
que se perdeu, devido à má conservação da via pavimentada), onde se ligava a
Estrada da Volta Grande margeando a atual ferrovia (atualmente só existe um
pedaço dela denominada de Rua Gustavo Joppert). A qual se liga a Rua Antonio
Stocchero no Bairro da Tranqueira, (o qual foi assim denominado, devido a um
posto de cobrança de tributos, que fechava a estrada com uma cancela). Que se prolongava até a divisa com a
contemporânea cidade de Itaperuçu (que na época era Votuverava (Rio Branco do
Sul) e seguia seu destino até a Colônia Assungui (atual município de Cerro
Azul).
Até 1930 a estrada
original do Assungui que passava margeando a ferrovia em seu Km 25 na região do
Boixininga (conhecida como Volta Grande), que passava pela propriedade de Pedro
Brotto de Andrade (atual Sindicato) possuía livre passagem. Porém, com o
advento da Revolução este trecho da estrada foi fechado, e nunca mais foi
aberto. O qual gerou protesto do comerciante de madeira e lenha Domingos
Abdalla da localidade do Itaperuçu no município de Votuverava, que na
argumentação de seu requerimento junto à Prefeitura de Tamandaré, cita que por
18 anos utilizou aquele trecho para o transporte de madeira. E que com seu
fechamento, necessita fazer uma volta muito grande, o que dificulta seu
trabalho[3].
Por esta estrada, em
tempos que o transporte era feito por carroças, a cavalo e a pé. A rotina só
era quebrada, quando passava a boiada, vindas do Assungui, com destino ao
Frigorífico Blumenau (localizado no contemporâneo Bairro São Lourenço), onde
hoje é o Supermercado Mercadorama, ao lado do Parque São Lourenço, que nesta
época era um curtume.
Em mapas de 1890, ganha
destaque a localidade de Botiatuba em Curitiba. Pois, a mesma era um importante
local estratégico para o pouso dos tropeiros e de suas boiadas, que paravam nos
campos de pastagem do senhor Leão Zeigelboim onde hoje é o Recanto Marista
(Parque Santa Maria), que ficava as margens da Estrada do Assungui. Também,
foram beneficiadas por esta estrada, as localidades de Areias e Tranqueira, que
podem já ser identificadas em mapas da década de 1900[4].
(O
patrono do trecho da antiga Estrada do Assungui (Taboão-Sede) Vereador Wadislau
Bugalski ao centro, neto do professor Ignácio Lipski. Na foto do seu lado
direito sua esposa Lucia Sandri Bugalski e os filhos Maria Helena, João Carlos,
Martim Afonso, Rogério Fernando e Maria Luiza/Fonte: Jornal do Bugalski
(informativo de divulgação de campanha eleitoral), setembro de 1992).
[1]
DEPARTAMENTO DE ESTRADA E RODAGEM – PARANÁ. Rodovias Estaduais. Disponível em: <
http://www.der.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=21> Acesso
em: 12 Dez. 2010.
[2]
REVISTA BRASILEIRA DE GEOGRAFIA. Expedição
Cientifica a Serra de Paranapiacaba e ao Alto da Ribeira (Cel. João de Mello
Moraes). Ed. IBGE, Ano XIX, julho - setembro de 1957, nº 3, p.10.
[3]
Arquivo de Requerimento apresentado a Prefeitura municipal de Tamandaré à
contar de 11 de novembro a 30 de dezembro de 1931.
[4]
INSTITUTO DE TERRAS, CARTOGRAFIA e FLORESTAS DO ESTADO DO PARANÁ. Coletânia de mapas históricos do Paraná.
2.ed. Curitiba: ITCF, 2006, p. 11, 15 e 19.
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