O presente texto foi extraído da pesquisa "Contos e lendas de um povo" elaborado pela Mestra Josélia Ap. Kotoviski em 2001.
Um ilustre e saudoso morador da Lamenha Grande, que muito colaborou com o "Projeto Contos e Lendas de um Povo", já que, era portador de uma memória histórica foi o Senhor João Bugalski
Sobrinho, cujo avô, foi o Professor Ignácio Lipski, que veio da Polônia para o
Brasil em 1876, onde se instalou na Freguesia do Pacotuba, buscando melhores
condições de vida. Tinha uma boa formação, por este motivo se tornou inicialmente
professor auxiliar na escolinha de São Miguel onde por falar duas línguas (português
e polonês), foi capaz de ensinar os filhos dos imigrantes que aqui chegavam.
Pois, para conseguir ensinar, a professora brasileira necessitava que ele que
traduzisse tudo o que ela falava, pois a maioria das crianças só entendia o
polonês.
Um fato marcante
vivido pelo professor Ignácio Lepski foi quando ele lecionava na Escola Isolada
de São Miguel. Eis, que o Intendente Coronel João Candido de Oliveiro, no que tange o cumprimento legal de uma ordem
geral do Governo Central, invadiu a escola com seus homens de confiança e
mandou que queimassem todos os livros poloneses da escola.
Porém, apesar
do Coronel ter que cumprir ordem assim, ele era uma pessoa generosa, pois foi
ele quem construiu a segunda Igreja Matriz. Esta igreja era apenas uma capela
simples. No entanto bonita, bem no alto. Possuía um tom de cor amarelo
desgastado pelo tempo, com grandes portas de madeira pintadas de marrom. O piso
era de lajotas pequenas, com algum colorido em vermelho. O altar era bem alto e
o padre rezava de costa para o povo, sendo a missa rezada em latim.
Em 1935 foi
inaugurado o Seminário Santo Antonio[1] de
Botiatuba que por 44 anos funcionou como sede da Paróquia Nossa Senhora da
Conceição. E que até o momento, mantêm as mesmas características da construção
original. Nesta época, era notório o respeito que as
pessoas tinham a fé cristã, principalmente entre as famílias polonesas que
trabalhavam nos dias de semana e aos domingos reservam para descansar e ir a
missa. Porém, outra manifestação religiosa era o costume que os poloneses
tinham de construírem capelinhas. Sendo que na Capelinha do Pacotuba, houve a
participação direta da família do seu João Bugalski em 1929, através de seu pai
Martim Bugalski que cedeu uma parte de seu terreno para que a mesma fosse
construída.
O Senhor João Bugalski
nasceu em 1930 e tem mais 3 irmãos. Houve um tempo que os seus pais viveram em
uma casa de barro e usavam velas e lampiões, no bairro da Lamenha Grande e quando
faltava alguma coisa iam até Curitiba de carroça, a pé ou a cavalo, demoravam
três horas e meia para chegarem até a capital. Lembra que o primeiro ônibus
dessa região que passava pela Estrada Estratégica foi o que fazia a linha Rio Branco do Sul a Curitiba. Em 1948 o
senhor João Bugaslki estava no quartel. Ele se casou aos 26 anos e se orgulha
de ter sido catequista por 5 anos.
Lembra da que
em 1953 e 1955, Ambrósio Bini foi prefeito de Timoneira. Nesta época, a
localidade do Jardim Paraíso não existia, já que era uma área de cultivo. Sendo
que nesta região existiram muitas famílias polonesas.
[1] BONAMIGO, Euclides. Histórico da Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Almirante Tamandaré.
1998.
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