Estrada
de Ferro Norte do Paraná, 104 anos de história.
O “Relatório
apresentado ao Exmo. Sr. Dr. Francisco Xavier da Silva Presidente do Estado do
Paraná em 31 de dezembro de 1909 pelo bacharel Claudino Rogoberto Ferreira dos
Santos Secretario d’Estado dos negócios de obras publicas e colonização” traz
em suas páginas 69-89 o histórico da Estrada de Ferro Norte do Paraná, o qual
será relatado resumido e parcialmente na integra já que se trata de um texto
fundado em legislações com adaptações a algumas particularidades locais.
A gênese da Estrada de Ferro Norte do
Paraná foi uma resposta as dificuldades que permeavam o transporte terrestre
entre a capital e a Colônia Açungui.
Sendo, que no inicio do século XX isto iria mudar com o advento da
passagem do trem. Principalmente porque se expressou através do Decreto Estadual n° 35, publicado em 03
de fevereiro de 1890, assinado pelo Presidente do Estado José Marques Guimarães.
Devido a onerosidade da obra já que o
trajeto da ferrovia se fazia por trechos de complexa engenharia, a vontade do
governo não se concretizou naquele momento, tão pouco depois nas outras
tentativas.
Somente 16 anos depois com o advento da Lei 631, de 14 de março de 1906,
finalzinho do governo de Vicente Machado da Silva Lima, que possibilitou que fosse
consignada a verba Fretes e Passagens no orçamento da Receita do Estado do
Paraná, ocorreu a necessária garantia de juros do capital a ser empregado na
obra ferroviária. Com esse dispositivo legal, foi baixado o Decreto nº 298, de 27 de julho de 1906,
assinado pelo então presidente do Estado, o Sr. João Candido Ferreira, que
concedia a Gaston de Cerjat, ou a empresa que o mesmo organizasse. Os
privilégios para a construção, uso e gozo da ferrovia. O início da construção
foi em 19 de dezembro de 1906 junto às comemorações do 53º aniversario da
emancipação política da Província do Paraná
Em janeiro de 1907 chegava a Vila de
Tamandaré as obras da linha férrea, sendo que segundo o jornal “A Republica de 14 fevereiro de 1907”
os obreiros da estrada de ferro foram recepcionados com grande alegria pelo
povo e lhe foram oferecidos bebidas finas patrocinada por conceituados
comerciantes da localidade.
Nos Relatos do saudoso sr. Generoso
Candido de Oliveira, ao “Projeto Contos
e Lendas de um povo” em 2002, já com o advento da construção da ferrovia
adentrando em território tamandareense, o Sr. João Candido de Oliveira teve a
oportunidade de fornecer os dormentes para a empresa que construía este trecho
(divisa Curitiba até os limites com Rio Branco do Sul).
Porém, no que tange as informações da “Paroquia Nossa Senhora da Conceição de
Almirante Tamandaré registradas no Livro Tombo, 1909, p. 20” o local onde
ela estava sendo construída, era muito próximo, de uma capelinha ali existente
desde 1863 (local onde se encontra a Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição
de Almirante Tamandaré). Diante deste problema, já que com o advento da
passagem do trem poderia ocorrer o comprometimento da estrutura da frágil
edificação de estuque (uma mistura de barro com cal que cobre uma estrutura de
varas entrelaçadas). O qual vem ocorrer já com a passagem do trem de serviço
(trem que transportava o material para a construção da ferrovia) em 24 de
agosto de 1908 segundo a publicação do prefeito João Candido de Oliveira
disposta no jornal a “Republica de 27 de
Agosto de 1908”.
O termino da ferrovia se deu em
fevereiro de 1909 no segundo governo do presidente estadual Francisco Xavier da
Silva, quando a obra alcançou a Vila Rio Branco. Sendo que o primeiro trecho
totalizou 43.397 metros. O que permitiu ser inaugurada em 28 de fevereiro de
1909 como expressa a “Ata de
inauguração do trafego da Estrada de Ferro Norte do Paraná”. Em 2 de março de 1909 foi aberta
ao público.
Na antiga plataforma de embarque na Sede,
ocorreu a recepção da comitiva inaugural que solenemente abriu o trafego
oficialmente através da pessoa de Carlos Ritz Teixeira de Freitas em 28 de
fevereiro de 1909 no ramal Tamandaré. Posteriormente o comboio inaugural seguiu
para Rio Branco para solenemente inaugurar a Estrada de Ferro. Curiosamente o
prefeito de Tamandaré Frederico de Souza e Vasconcellos não estava presente na
solenidade tão pouco o Presidente da Província.
Estação
de Tamandaré, em 1910, a pioneira locomotiva tipo Mogul (que se encontra
atualmente em um museu na cidade de Caçador), ao chão do pátio, toras de
pinheiro-do-Paraná/Foto tirada por
Benedicto Severiano e publicada no periódico carioca “O Malho, 14 de maio de
1910, nº 400”.
Antonio
Ilson Kotoviski Filho é professor de História, Bacharel em História,
Especialista em História do Brasil, Mestre em Ciências da Educação, Bacharel em
Direito, historiador e poeta.
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