sexta-feira, 29 de novembro de 2013

O "VULCÃO" DE TAMANDARÉ!

EXTRAÍDO DO LIVRO "CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E GEOGRÁFICAS SOBRE O MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ-PR". 

Existem muitas estórias que se misturam com superstições relacionadas com ocorrências oriundas das referidas características do relevo cárstico, as quais tiveram gênese em ocorrências verídicas. Independentemente do grau de distorção que estes fatos sofreram até chegarem ao presente tempo, é necessário a contemplação que os fenômenos cársticos são reais e merecem atenção técnico-científico para possibilitar uma organização espacial da cidade no sentido de evitar prejuízos materiais e perdas de vidas.
No começo da década de 1930 foi relatado um acidente cárstico por Hermenegildo de Lara em um texto denominado “Histórico: Fenômeno em Almirante Tamandaré”, publicado na “Folha de Tamandaré, agosto de 1988, nº 66” com o seguinte teor:
“Este fato estranho e surpreendente ocorreu mais ou menos em 1934, em dia e mês que no momento não podemos precisar, em um terreno de propriedade do Cel. João Candido de Oliveira, localizado no fundo de sua residência, na sede de Almirante Tamandaré.
Eram mais ou menos quinze horas de um dia ensolarado de céu azul, quando inopinadamente o solo naquele local cedeu e começou a formar uma cratera, que chegou a atingir 6 a 8 metros de diâmetro e uma profundidade incalculável. Ao mesmo tempo desta abertura, começou a aparecer um jorro de água muito forte, que subiu a uma altura de 30 metros aproximadamente. Este fluxo se manteve por umas sessenta horas, até diminuir e cessar completamente.
Esse fenômeno surpreendente atraiu para o local não só habitantes de Tamandaré, mas inúmeras pessoas vindas de localidades e municípios vizinhos, especialmente da cidade de Curitiba, sendo a ocorrência muito bem divulgada pelos jornais da época, “Gazeta do Povo”, “O Dia” e outros jornais que reportaram o acontecimento, que também foi divulgado nacionalmente pela “Noite Ilustrada”, do Rio de Janeiro, jornal bastante popular na época – que fez ampla reportagem sobre “O Fenômeno” ocorrido em Tamandaré”.
Apesar da cidade possuír uma baixa ocupação demográfica na época, estes acidentes cársticos não causavam prejuízos, porém existem relatos de “histeria popular” o qual segundo Noêmia Kotoviski “ocorreu que um imigrante que morava na região, ao saber do acontecimento, achou que o fim do mundo havia chegado e por este motivo começou a se desfazer e destruir os seus bens”. Porém, foi um caso raro. Já os fenômenos seguiam o curso natural de seu processo, sem contar que havia um desconhecimento científico sobre o assunto entre a população local.

Os relatos de Hermenegildo de Lara e de Noêmia Kotoviski ganham plausibilidade na reportagem do periódico “Correio do Paraná de 14 de agosto de 1933 capa e p.04” que explica que o fenômeno inicialmente foi interpretado pelo povo leigo como sendo a erupção de um vulcão devido aos estrondos e a água que jorrava. Tanto é que foi destacado 15 bombeiros sob o comando do Tenente Luiz Motta e do sargento Custódio Netto para socorrer os populares caso se confirmasse o fato. O buraco possuía um raio de 120 metros e aproximadamente 12 metros de profundidade. Quanto a história de que fosse um vulcão, alguns moradores acreditaram a ponto de alguns tentarem se suicidar se jogando no buraco, segundo a reportagem presente na página 04 do referido periódico.    

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