EXTRAÍDO DO LIVRO "CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E GEOGRÁFICAS SOBRE O MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ-PR".
Existem muitas estórias que se misturam
com superstições relacionadas com ocorrências oriundas das referidas características
do relevo cárstico, as quais tiveram gênese em ocorrências verídicas. Independentemente
do grau de distorção que estes fatos sofreram até chegarem ao presente tempo, é
necessário a contemplação que os fenômenos cársticos são reais e merecem
atenção técnico-científico para possibilitar uma organização espacial da cidade
no sentido de evitar prejuízos materiais e perdas de vidas.
No começo da década de 1930 foi relatado
um acidente cárstico por Hermenegildo de Lara em um texto denominado
“Histórico: Fenômeno em Almirante Tamandaré”, publicado na “Folha de Tamandaré, agosto de 1988, nº 66” com o seguinte teor:
“Este
fato estranho e surpreendente ocorreu mais ou menos em 1934, em dia e mês que
no momento não podemos precisar, em um terreno de propriedade do Cel. João
Candido de Oliveira, localizado no fundo de sua residência, na sede de
Almirante Tamandaré.
Eram
mais ou menos quinze horas de um dia ensolarado de céu azul, quando
inopinadamente o solo naquele local cedeu e começou a formar uma cratera, que
chegou a atingir 6 a 8 metros de diâmetro e uma profundidade incalculável. Ao
mesmo tempo desta abertura, começou a aparecer um jorro de água muito forte,
que subiu a uma altura de 30 metros aproximadamente. Este fluxo se manteve por
umas sessenta horas, até diminuir e cessar completamente.
Esse
fenômeno surpreendente atraiu para o local não só habitantes de Tamandaré, mas
inúmeras pessoas vindas de localidades e municípios vizinhos, especialmente da
cidade de Curitiba, sendo a ocorrência muito bem divulgada pelos jornais da
época, “Gazeta do Povo”, “O Dia” e outros jornais que reportaram o
acontecimento, que também foi divulgado nacionalmente pela “Noite Ilustrada”,
do Rio de Janeiro, jornal bastante popular na época – que fez ampla reportagem
sobre “O Fenômeno” ocorrido em Tamandaré”.
Apesar da cidade possuír uma baixa
ocupação demográfica na época, estes acidentes cársticos não causavam prejuízos,
porém existem relatos de “histeria popular” o qual segundo Noêmia Kotoviski “ocorreu que um imigrante que morava na
região, ao saber do acontecimento, achou que o fim do mundo havia chegado e por
este motivo começou a se desfazer e destruir os seus bens”. Porém, foi um
caso raro. Já os fenômenos seguiam o curso natural de seu processo, sem contar
que havia um desconhecimento científico sobre o assunto entre a população
local.
Os relatos de Hermenegildo de Lara e de
Noêmia Kotoviski ganham plausibilidade na reportagem do periódico “Correio do Paraná de 14 de agosto de 1933
capa e p.04” que explica que o fenômeno inicialmente foi interpretado pelo
povo leigo como sendo a erupção de um vulcão devido aos estrondos e a água que
jorrava. Tanto é que foi destacado 15 bombeiros sob o comando do Tenente Luiz
Motta e do sargento Custódio Netto para socorrer os populares caso se
confirmasse o fato. O buraco possuía um raio de 120 metros e aproximadamente 12
metros de profundidade. Quanto a história de que fosse um vulcão, alguns
moradores acreditaram a ponto de alguns tentarem se suicidar se jogando no
buraco, segundo a reportagem presente na página 04 do referido periódico.
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