Um
assunto interessante que chama atenção é o sepultamento de entes queridos.
Pois, houve um tempo na cidade em que isto era um problema. Pois, até a década
de 1930, não existia cemitério na Sede. Diante disto, muitas famílias
enterravam seus familiares, no próprio terreno. Um exemplo, da dificuldade de
se enterrar é a história da Capelinha do Pacotuba, de 1929, que em seu
terreno foram muitas pessoas enterradas. Hoje uma parte desse terreno, virou
rua. No entanto, as localidades do Marmeleiro, Tranqueira, Prado e Cachoeira já
dispunham de cemitério desde o século XIX.
A falta de
cemitério nesses tempos era notória e não exclusiva de Tamandaré. Pois, o único
cemitério oficial existente na região era o de Tranqueira. No qual eram
sepultados pessoas de Votuverava, Colônia Assungui e da Sede. O túmulo conservado mais
antigo encontrado e preservado está datado de 1908.
Com o advento
do Seminário dos Padres Capuchinhos no Botiatuba na década de 1930, aparece outro cemitério. Porém, restrito a sepultamento de
padres.
Porém, um fato
curioso, é o contado pelo Sr. Albino Milek. O qual relatou, que na época da II
Guerra Mundial, quando um alemão ou descendente de alemão morria na Cachoeira,
os poloneses da Colônia Antonio Prado não deixavam este serem enterrado no
Cemitério do Prado. Em represaria a este fato, os alemães de São Venâncio não
deixavam os poloneses falecidos serem enterrados no Cemitério da Cachoeira.
Outra situação incompreensível para os dias atuais é que nas décadas anteriores
a 1960, protestantes não podiam ser enterrados em cemitério de católicos e
vice-versa[2].
Por este motivo que o cemitério da Cachoeira também é conhecido como “cemitério
evangélico”.
Outra situação
marcante narrada por Albino Milek, era o sepultamento com esteira. Ou seja,
como o caixão era caro, as pessoas mais humildes costumavam dispor o falecido
sobre uma esteira, em seguida este era enrolado, e as pontas amarradas (como se
fosse uma linguiça), em seguida era colocado na cova e coberto com terra. Isto
tudo, feito na frente de todo mundo.
Nesta época, em
que o caixão pronto era caro, existiam os carpinteiros que faziam caixão.
Porém, este caixão era feito simultaneamente ao velório. Ou seja, enquanto o
falecido era velado, o carpinteiro, ficava montando o caixão no quintal. Pelos
relatos, dava uma sensação ruim presenciar tudo aquilo[3].
Seu Generoso Candido de Oliveira, também relatou que até 1930 não existia
Cemitério na Sede, sendo que os sepultamentos eram feitos no próprio terreno[4].
No século XIX,
pela falta de cemitérios na região, grande parte dos moradores da Lamenha
inclusive os imigrantes eram sepultados no cemitério do Abranches. Cuja, a
cruz que fica em cima do portão do cemitério foi doada pelo pai do
Desembargador Isidoro Brzezinski, ou seja, o senhor Pedro (Piotr) Brzezinski[5].
Longe de
apavorar as pessoas, vejo com certa preocupação, o desconhecimento da
existência de antigos cemitérios não oficiais espalhados pelo município. Pois,
independente de superstição ou respeito ao terreno sagrado, o que me preocupa
são os falecidos por varíola ou outra moléstia grave que foram enterrados de
qualquer jeito, em um local onde existe uma grande quantidade de água guardada
no subsolo. Se esta preocupação procede ou não, isto eu não sei. Porém, como já
presenciei enterros onde o falecido foi posto em caixão especial devido a sua
moléstia. Ficam dúvidas sobre esta situação. Mesmo passando quase cento e
quarenta anos do ocorrido.
[1]
KUBO, Elvira Mari. Aspectos demográficos
de Curitiba: 1801 – 1850. Dissertação de Mestrado, Departamento de História, Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do
Paraná: Curitiba, 1974, p. 106.
[2]
Relato de Valter Johson Bomfin, abril de 2011.
[3]
Relato de Otavio Kotoviski, em 2011.
[4]
Relato de Generoso Candido de Oliveira, 1998.
[5]
HAYGERT. Aroldo Mura G. Vozes do Paraná: retratos de paranaenses/João Osório Brzezinski. 22 Ed. Curitiba:
Convivium, 2009, p. 05.
Prezado Sr. Antonio Kotoviski,
ResponderExcluirMeu sogro é neto do Sr. Rafael Real Prado, irmão do então vice-cônsul da Espanha, Sr. José Real Prado.
Gostaria de saber se o senhor dispoe de material que fale mais sobre a familia Real Prado, pois estou fazendo um estudo sobre a genealogia deles. No momento estou na Europa e pretendo ir ate Sevilha, para conhecer a cidade de origem deles e conseguir mais informações.
Caso possa manter contato, meu email é s_silva2009@pop.com.br
Atenciosamente,
Salomao