No que informa o “Relatório apresentado ao Exmo Sr. Governador do Estado do
Paraná pelo Inspetor Geral de Hygiene Dr. Trajano Joaquim dos Reis, em 1º de
setembro de 1896”, p. 18, a escarlatina entrou em território paranaense em
setembro de 1895 por Antonina e Paranaguá, chegando em Curitiba praticamente
meses depois se espalhando rapidamente por São José dos Pinhais, Araucária,
Ponta Grossa, Tamandaré e colônias polacas. Atingiu seu auge em janeiro a maio
de 1896.
Sua contenção foi difícil, pois segundo
o Dr. Trajano Joaquim Reis em seu relatório “(...)
as visitas e desrespeito o desprezo aos conselhos hygienicos, a falta de
altruísmo, a ignorância, a falta de recursos de muitas famílias necessitadas,
tendo apenas um pequeno dormitório commum, as reuniões, quer particulares, quer
públicas, para onde concorriam individuaos sãos e muitos recém-sarados e ainda
em condição de transmissão, os cocheiros, as lavadeiras, a immundicie nas ruas,
os ares, as águas forneceram enormes contingentes ao entretenimento do morbo.
Apesar dos conselhos que escrevi, fiz publicar e espalhar; apesar do muito que
fatiguei-me aconselhando, por assim dizer, pessoalmente de porta em porta;
apesar do excessivo trabalho das desinfecções diárias; apesar de toda a
actividade, de grandes encomodos de espírito, não foi possível por paradeiro ao
mal. Quanto mais actividade se desenvolvia, tanto mais procuravam illudir-nos,
tornando nullos os nossos esforços, ora occultando os doentes e permitindo as
relações d’elles com os parentes, visinhos e amigos; ora retardando a
apresentação dos attestados de óbito ao – Visto – e só fazendo depois de ter o
cadáver do escarlatinoso infectado a Igreja e seguido com não pequeno
acompanhamento para o cimitério. Todos os meios os mais astuciosos, os mais
engenhosos foram postos em prática para enganar os encarregados de zelar da
saúde pública. Aquelles, porém, que tanto embaraçaram a prática de medidas
hygienicas illudiram-se a si mesmo; porque pagaram bem caro as suas
inqualificáveis imprudências, perdendo entes queridos; o que não teria
acontecido se fossem obedientes aos conselhos dos que só almejavam o bem estar
da população, dos que empregava os meios de poupar soffrimentos”.
No contexto deste mesmo “Relatório de governo de 1896”, p.
19-24, em decorrência desta condição, se calcula que a escarlatina vitimou
aproximadamente um terço da população paranaense. Porém, a vacinação e as
medidas preventivas conseguiram conter o avanço e sua disseminação. As
principais medidas foram: Fechamento preventivo das escolas no período da
epidemia; isolamento do doente; desinfecção do aposento do doente; proibição do
transporte do cadáver em via pública ou exposição em velórios; higiene pessoal;
manter limpo as casas; não criar porcos e outros animais imundos em quintais;
fora outros aconselhamentos.
Em Tamandaré, a doença atingiu
principalmente as Colônias Lamenha, Santa Gabriela e Antônio Prado.
Depois, em 1913 ocorreu um breve surto, como é
possível observar na publicação do jornal “A
República, de 28 de janeiro de 1913” no contexto da visita que fez o Dr.
Candido de Leão, diretor da repartição de Higiene, no povoado de Marmeleiro,
onde constatava reinar uma moléstia desconhecida, verificou aquele facultativo
tratar-se de alguns casos de escarlatina.
TEXTO EXTRAÍDO DA OBRA CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E GEOGRÁFICAS SOBRE O MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ-PR que pode ser visualizado nos links:
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