SÍMBOLOS OFICIAIS DE TAMANDARÉ,
BREVE RESUMO.
As
fontes históricas que permeiam uma análise e a posterior criação de um
documento técnico, não necessariamente se prendem a fontes orais ou
bibliográficas. Mas tange muitas vezes o contexto de imagens, símbolos e
manifestações culturais existente no seio do objeto pesquisado.
Não
diferente ocorreu no processo de construção de minha obra histórica sobre o
município de Almirante Tamandaré. Pois, muitas das linhas tecidas, foram
construídas a partir de norteamentos gerados por marcos contextualizados em
símbolos oficiais, que para muitos não passam apenas de desenhos e rimas.
Foi
neste contexto que fui inspirado a criar um capitulo especial para contemplar
os símbolos oficiais do município, os quais foram inicialmente definidos pelo
artigo 6º da Lei Orgânica Municipal, de 03 de Abril de 1990. Os quais até o ano
de 2010 eram três: a Bandeira, o Brasão e o Hino. Sendo que estes ainda
deveriam possuir em sua expressão uma mensagem em latu sensu. Ou seja, expressar
a cultura, economia, história e a autonomia municipal. Porém, em 28 de setembro de 2010 é instituído
pela Lei Ordinária Municipal nº 1538 a Timoneira (Ilex theezans martius) como
árvore símbolo da cidade.
Porém,
o símbolo que ganha mais destaque por seu corpo metafórico possuir uma extrema
capacidade de resumir os três elementos tipificados no 6º artigo da Lei Orgânica, em latu sensu (sentido
amplo). Sem perder a qualidade formal é o Hino de Almirante Tamandaré,
estabelecido junto à comemoração ao
centésimo quarto aniversário do município em 28 de outubro de 1993, pela Lei
Ordinária nº 246 de 1993.
Sendo
que a letra deste hino foi elaborada pelo filho nato desta terra, pertencente a
família pioneira que desbravou a cidade. Cito o escritor, historiador, advogado
e artista plástico diplomado pela Escola de Musica e Belas Artes Santa Cecília,
o Senhor Harley Clóvis Stocchero, que era membro da Academia Sul-Brasileira de
Letras, da Academia Paranaense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico
do Paraná. Já a melodia foi composta
por outro filho desta terra, também de berço de família desbravadora desta
localidade. Cito: o senhor Paulo Rodrigo Tosin, músico diplomado pelo Conservatório
de Música e Belas Artes do Paraná que se inspirou na obra Bodas de Fígaro de
Wolfgang Amadeus Mozart, para compor a melodia.
Diante
desta condição, percebesse que os criadores do hino tamandareense possuíam
competência e conhecimentos necessários para elaborar o hino da cidade. Ou
seja, bem diferente de algumas cidades que por politicagem recorreram a um
concurso cultural escolar, no qual se avalia a literalidade e palavras bonitas.
Que se quer atingem a verdadeira função que o hino deve possuir.
Neste
contexto, para o leigo ou para as pessoas que migraram para a terra
tamandareense e que não possuem o conhecimento sobre a história da cidade o
hino possui uma versificação que não é entendida, e por isto muitos criticam.
Porém, o hino possui um significado metafórico em contexto latu sensu, o qual irei
explicar resumidamente para elucidar a lógica que ele contempla.
Por
exemplo: no contexto geográfico e geológico, a versificação inicial, apresenta
um ponto de referencia de localização da cidade no planeta, mesmo de forma
ampla. Pois quando se refere à constelação do Cruzeiro do Sul, expressa que a
cidade se localiza no hemisfério sul do mundo. Ou seja, para quem não sabe esta
constelação só é visível em céu austral, ou seja, para os países ao sul da
linha do Equador. Nesta mesma versificação se apresentam traços gerais
geológicos ao se referir de morros e restingas, além de características gerais
da formação vegetal. Sendo que é referenciada ainda duas atividades econômicas
inter-ligadas, ou seja, a extração de madeira para a queima que alimenta os
fornos da cal, que foi a principal base de sustentação dos filhos dessa terra
no passado não muito distante.
Já
o estribilho tem uma particularidade metafórica genial. A qual conta a gênese
de Tamandaré e a relaciona com o principal elemento forjador da cultura e
valores locais que é o cristianismo. Pois, se engana quem superficialmente
considera que “Nossa Mãe, Virgem da Conceição”, uma referencia exclusiva a
Nossa Senhora. Por quê?
Nossa
Mãe se refere à terra original que nasceu a cidade, por este motivo Virgem, ou
seja, terra não desbravada, de uma concessão de Mateus Martins Leme. Cuja,
expressão Conceição era a utilizada para se referir à concessão. Ou seja, uma
doação de terra, a qual era visto como uma dádiva na Colônia, devido a sua
extrema qualidade e benefícios. E pelo fato desta terra ter sido perlustrada
por portugueses e espanhóis que eram cristãos católicos, a referencia ganhou conotação
religiosa. E ficou como Conceição. Que a propósito foi a terceira denominação
do município dada pela Lei nº 957 de 28 de outubro de 1889, quando a localidade
foi elevada à categoria de Villa. Ou seja, Conceição do Cercado. Que anteriormente
se chamava Nossa Senhora da Conceição,
dada pela Lei da Província do Paraná de nº. 924 de 06 de setembro de 1888.
Porém,
este verso não carrega só isto em seu contexto, pois, demonstra a presença
cristã no município desde tempos que transcendem sua fundação. Pois, para quem
não sabe, os missionários da Ordem de Jesus (jesuítas), passaram por estas
terras e deixaram suas marcas na região da Varova e de Tranqueira. Da mesma
forma que foi graças a influência da igreja Católica e a mão da maçonaria no
contexto político que se deu a autonomia da região. Por efeito de curiosidade o
Senhor Alberto Munhoz, Vidal Baptista de Siqueira e os outros membros da
pioneira Câmara Municipal foram maçom.
Neste
sentido, o Hino de Tamandaré é extremamente laico. Mesmo não repassando isto
para o leigo e o desconhecedor da história do município. E também se não fosse
que diferença iria fazer na ordem do dia. Pois, querendo ou não moramos em um
país que possui leis que pregam uma suposta noção laica, sob a luz de uma
Constituição Federal que já em seu preâmbulo esboça um contexto contraditório ao
que prega e não observa a fé islâmica, xintoísta, bramanista, budista,..., além
de possuir impresso em uns de seus símbolos nacionais (a moeda corrente), a
expressão “Deus seja Louvado”. Ou seja, em um país predominante de valores cristãos (que possuem doutrinas
que consideram Jesus Cristo). É muito estranho existir pessoas no raiar de um
pleito eleitoral preocupadas com o Primeiro Mandamento, enquanto nosso
município encontra-se com dificuldades de achar meios para enfrentar as ações
proibidas pelo 4º, 5º, 6º, 7º, 8º, 9º e 10º mandamentos.
E
por fim, existe uma consideração hilária que se faz da versificação do
“repolho, o tomate e a cenoura”,... No entanto se faz por desconhecimento, pois
estes produtos agrícolas com exceção ao tomate foram diversificados em terras
tamandareenses por imigrantes eslavos. Ou seja, no contexto deste verso se
expressa à presença do imigrante. Já que estes produtos até podiam, existir
aqui antes da chegada deles. Mas deixaram de ser exótico a partir da chegada do
imigrante.
Bem,
expus minhas considerações, formuladas a partir de técnicas que permeiam as
interpretações de fontes históricas abstratas e complexas dentro de um contexto
de comparação e vinculação contextualizada. É um processo que deveria ser
complexo, mas como tive a oportunidade em minha adolescência de acompanhar
indiretamente o processo de concretização do hino, esta analise foi facilitada.
Porém, no que tange meu futuro livro, infelizmente o capítulo não contemplará
uma explicitação tão detalhada.
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