UM MESMO LUGAR, MAS DIVERSIFICADAS DENOMINAÇÕES
Campos do Coritiba era assim que os desbravadores
ibéricos se referiam ao território que encontraram no primeiro planalto
paranaense e onde consequentemente se
encontra a cidade antes do povoamento. A região ganhou importância em virtude
da Descoberta da Conceição, atualmente
em território campo magrense o qual inspirou a denominação que até hoje
persiste na região. Porém, por efeito arraias que posteriormente tornaram-se
povoados foram surgindo. Entre eles, o qual se liga diretamente a evolução autônoma
do município em termos oficiais de denominação é o atual Bairro do Pacotuba,
que inicialmente foi a Sede Distrital. Pois, em virtude do projeto de
desenvolvimento das colônias de imigrantes no Paraná, sendo algumas
estabelecidas na região norte de Curitiba, ocorreu à necessidade de elevar o
status administrativo da região. Foi nesta minirreforma
política/geográfico-administrativa, que a localidade curitibana de “Pacotuva”, foi
elevada a categoria de Freguesia em 10 de maio de 1873, por intermédio da Lei
nº 438.
A denominação “pacotuva” é um hidrotopônimo de origem
tingui. Ou seja, a região recebeu o nome por causa do Rio Pacotuva (Pacotuba).
Porém, o rio provavelmente foi denominado desta maneira devido à existência de
um ponto de referência ter uma abundante população de pacas em região
especifica. Ou seja, o rio recebeu um zootopônimo em um contexto de ponto
geográfico de referência.
Devido ao seu desenvolvimento, em relação às
perspectivas da época (final do século XIX). A Freguesia de Santana do Pacotuva
é elevada a categoria de distrito de Curitiba com a denominação de Nossa
Senhora da Conceição, pela Lei Provincial n° 924 de 6 de setembro de 1888 e sua
sede é transferida para o povoado vizinho de Conceição do Cercado.
A denominação Nossa Senhora da Conceição, foi
inspirada no grande numero de concessões existentes no território. Que
popularmente recebiam o nome de “conceições” ou “Conceição”, que geralmente era
anexado o sobrenome familiar do
beneficiado. É por este motivo que atualmente ainda existe nos
municípios de Tamandaré e Campo Magro localidades denominadas de Conceição dos
Túlios, Conceição dos Freitas,... Já “Conceição da Meia Lua”, diz respeito a
uma antiga medida agrária, que serviu de base para as doações aos imigrantes na
região da Conceição da Meia Lua. Ou seja, pelo fato de Conceição denominar o
distrito se vinculou os prefixos “Nossa Senhora” a palavra Conceição para dar
ênfase religioso e representar a ideia de território “concebido” a todos como
benção.
Almirante Tamandaré em sua gênese teve seu território
desmembrado da Capital do Estado em 1889 inicialmente e efemeramente com a
denominação de Conceição do Cercado estabelecida pela Lei Provincial n° 957 de
28 de outubro de 1889. Esta denominação estava vinculada a uma concessão de
terras que se dispunha onde contemporaneamente se localiza o Jardim Santa
Terezinha na Sede. Esta área de terra que margeava Estrada do Assungui (atual trecho da rua
Rachel Candido de Siqueira), curiosamente foi cercada para evitar invasões de
aventureiros ainda no período que
existia a exploração aurífera no rio Pacotuba. Porém foi confiscada pela
Província, e permaneceu nesta condição até a intervenção do Sr. Ambrósio Bini
em meados da década de 1950 junto ao Governador Bento Munhoz da Rocha Netto,
que possibilitou que o Estado do Paraná doasse a área para o município para
fins de parcelá-la para seu povoamento.
Porém, a denominação Conceição do Cercado soava
estranho e por esse fato em 09 de janeiro de 1890 pelo Decreto nº 15 baixado
pelo Capitão de Mar e Guerra José Marques Guimarães, então Governador do Estado
do Paraná, o território da Villa Conceição do Cercado, é agraciado com a
denominação de “Tamandaré”. Homenagem prestada em vida ao “Velho Marinheiro” e
Patrono da Marinha do Brasil, o Almirante Joaquim Marques de Lisboa (Almirante
Tamandaré). Amigo, mentor, e colega de campanhas militares do então governador.
Ou seja, a cidade começou a ser conhecida por “Tamandaré” e não de Almirante
Tamandaré como é contemporaneamente.
O município manteve-se seu statu quo autônomo até o
advento do Decreto Lei nº. 7573, de 20 de dezembro de 1938, quando por força
deste foi extinto e por consequência seu território passou a fazer parte novamente
do território de Curitiba até 30 de dezembro de 1943. No entanto só no dia 11
de outubro de 1947 por força da Lei Estadual n° 02, inciso XXI, que o
território voltou a ser autônomo novamente, mas sob a denominação de Timoneira
estabelecida pelo Decreto-lei de nº 199 de 1943.
A denominação Timoneira foi uma consequência da perca
da autonomia, já que no Estado de Pernambuco já existia uma região homônima ao
território tamandareense. Sendo que a mesma se encontrava com o status de
distrito na época. Ou seja, o mesmo status que a nossa cidade havia adquirido.
Este fato foi um motivador para Tamandaré se tornar Timoneira. Justamente para
se diferenciar do território pernambucano.
Só por curiosidade, foi o pequeno povoado de Tamandaré
em Pernambuco que inspirou o título nobiliárquico oficializado em 14 de março
1860, como forma de homenagem de D. Pedro II ao Almirante Joaquim Marques de
Lisboa. Que relembra com esta, o lugar em que com bravura, havia tombado o
irmão do Almirante, o Major Manoel Marques de Lisboa, quando este chefiava a
defesa do porto de Tamandaré, na costa pernambucana.
Já a palavra Timoneira que inspirou o novo nome da
cidade significa o feminino de quem governa o timão de uma embarcação, dando a
ideia de que a cidade estava sem um comandante (e realmente estava, pois não
era autônoma quando recebeu este nome). Porém, segundo o historiador João
Carlos Vicente Ferreira, o nome dado ao município de Timoneira tem origem na
denominação antiga da erva-mate colhida nos arredores de Curitiba, significando
“erva que está à mão”, caracterizava-se por ser mais fraca que as demais.
Espécie vegetal natural da região. Ou seja, esta espécie oficialmente se chama
Ilex theezans martius e popularmente é conhecida como Caúna, Caúna da Folha
Amargosa, Congonha, Erva de Timoneira e Timoneira. Foi muito utilizada como
energia para alimentar os fornos da queima da cal e na produção de cabo de
ferramentas. Mesmo sendo largamente explorada, ainda existe nas matas pouco
exploradas da cidade.
No entanto, a localidade já havia construído uma
história. E por este motivo, atendendo as reivindicações populares da época, de
descontentamento com a denominação hilária de “Timoneira”, expressadas
pessoalmente em conversas pelo então prefeito da época João Wolf, junto ao então Governador Moysés Lupion em seu
novo mandato (1956/1961), que posteriormente sancionou a Lei nº. 2644, em 24 de
março de 1956, que restabelecia a
denominação Almirante Tamandaré, sendo esta publicada no Diário Oficial do
Estado do Paraná na Segunda Feira do dia 26 de março de 1956. Eis que ao invés
de ser denominado simplesmente de Tamandaré, foi acrescentada a palavra
“Almirante” ao nome, para se diferenciar da localidade pernambucana de
Tamandaré.
Por efeito de conhecimento, “Tamandaré” é uma
expressão que possui uma variação em tupi que nasce da expressão “tamanda-ré” e
também de outra versão “t’-amana-ri”, mas que significa dentro de uma
contemplação ampla: “que veio depois da chuva”. Ou em tupinambá “Tamendonaré”,
que possui o mesmo significado e uma variante (que veio depois da chuva ou
povoador da terra). Estes significados possuem origem no personagem Tamendonaré (Tamandaré) que faz parte de uma
lenda Tupinambá.
Antonio Ilson Kotoviski Filho. É
professor de História do Colégio Estadual Jardim Paraíso, Bacharel em História,
Especialista em História do Brasil, Mestre em Ciências da Educação, Bacharel em
Direito, historiador e poeta.
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